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Na mitologia Yorùbá, a palavra "Àiyé" representa o "mundo terrestre" ou o "mundo dos vivos", onde os encontros físicos e a celebração da presença acontecem, sendo um espaço onde a música e a palavra carregam poder para abrir portais ao mundo espiritual, o Òrun. A colaboração entre o brasileiro LuizGa (alter ego de Luiz Gabriel Lopes) e o português Edgar Valente é apresentada como um elogio a essa cosmogonia, iluminando a beleza, mistérios e complexidade dessa tradição. A pesquisa destaca a multiculturalidade das diásporas luso-falantes, reconhecendo a crueldade trágica da travessia transatlântica na fundação da modernidade ocidental. A obra, contudo, escolhe focar nos tesouros das culturas, destacando a alquimia da colaboração, a superação pela festa e a costura de sons que transcende fronteiras, conectando o Brasil e Portugal como territórios em transformação, apontando para as ancestralidades como promessa de futuro.
LuizGa e Edgar Valente, representantes respectivos do Brasil e de Portugal, se encontraram em Lisboa em 2016, dando origem a uma colaboração musical frutífera chamada AIÊ. A sinergia musical entre eles surgiu em Serpa, no Alentejo, quando LuizGa buscava um músico polivalente para uma imersão nos estúdios do Musibéria. Edgar, sugerindo a si próprio para a tarefa, já havia gravado no local com sua banda Criatura, reconhecida pelo escritor Valter Hugo Mãe como a mais importante do país naquele momento. O sucesso da dupla foi notável, levando-os a se apresentar no Bali Spirit Fest, na Indonésia, em 2019. Em 2020, a pandemia levou LuizGa à casa de Edgar, resultando em uma estadia de três meses que consolidou a parceria e deu origem ao projeto AIÊ, representando um cruzamento de influências culturais e musicais entre as duas nações.
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