Intérprete

Encerramento da série "Para sempre, Beethoven"

O programa “Interprete” apresenta, a quarta e última edição da série “Para sempre, Beethoven”, que tem como tema “Beethoven e sua Solene Missa”.


26/12/2020 15h20

Ouça o programa Intérprete completo:



Ludwig van Beethoven (Bonn, 17 de dezembro de 1770 — Viena, 26 de março de 1827) foi a ponte entre o Classicismo, no século XVIII, e o Romantismo, no século XIX. É um dos pilares da música ocidental: "O resumo de sua obra é a liberdade", observou o crítico alemão Paul Bekker, "a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida".

E foi sempre assim, até a sua morte em 26 de Março de 1827, quando Beethoven trabalhava em uma nova sinfonia e projetava ainda escrever um Requiem. Ao contrário de Mozart, que foi enterrado anonimamente em uma vala comum (o que era costume na época), 20.000 cidadãos vienenses enfileiraram-se nas ruas para o funeral de Beethoven, no qual Franz Schubert foi o portador de uma das tochas. Beethoven compôs música como nunca antes se havia ouvido. Suas composições eram criadas sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas. Beethoven foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão. Com ele é inaugurada a tradição do compositor livre, que escreve música para si, sem estar vinculado a um príncipe ou a um nobre. Com ele se inaugura o período Romântico.

E é dele também uma das maiores obras sacras da história da música, a “Missa Solene” que, juntamente com as obras “Cristo no Monte das Oliveiras” e a “Missa em Dó”, forma uma trilogia nascida de alguém, cuja religiosidade estava longe de ser comparada à de um J.S.Bach, por exemplo. Pela proporção gigantesca da Missa Solene, com seu enorme efetivo vocal/instrumental e duração de uma hora e vinte minutos, somado ao caráter teatral dessa música, fez com que ela fosse destinada a ser executada mais em teatro do que na igreja. Composta entre 1819 e 1823, e estreada em S.Petersburgo, em 1824, a Missa nunca chegou a ser ouvida inteiramente por Beethoven. Na época de sua composição ele atravessava um dos mais turbulentos momentos de sua vida, com o agravamento da surdez, por volta de 1818, com o aparecimento de outras doenças e as dificuldades financeiras de sempre. A Missa traz a seguinte dedicatória “Que do coração possa voltar para o coração”, que diz muito sobre a intenção de Beethoven de falar à humanidade. Lauro Machado Coelho, em um belo artigo para a Revista Concerto, traz uma citação de André Boucourechliev, que diz que “a Missa Solemnis assinala, na aurora do Romantismo, o divórcio entre as artes e o sagrado, antes reunidos, durante muitos séculos de obras-primas. A missa celebra o homem, em suas glórias e vicissitudes; está habitada pela alegria e a tristeza humanas, os cânticos da natureza, os ecos da guerra e os atrativos da paz – e, antes de mais nada, pela vontade de triunfar”, e aqui ele faz uma referência direta à Beethoven, como um homem que precisou superar traumas aparentemente intransponíveis, tendo em cima dessa sublimação erigido uma das obras mais espantosas da História da Arte.

  1. Ludwig van Beethoven
  2. Missa Solene, em Ré Maior, op.123
  3. Kyrie
  4. Gloria
  5. Credo
  6. Sanctus/Benedictus
  7. Agnus Dei.
  8. Solistas: Gundúla Janôwitz (soprano), Agnes Baltsa (mezzo-soprano), Tenor : Schreier (tenor) e José Van Dam (baixo), Thomas Brandis (violino)
  9. Coro da Sociedade dos Amigos da Música, de Viena. Reg.: Helmuth Froschauer.
  10. Orquestra Filarmônica de Berlim. Reg.: Herbert Von Karajan.

  1. O programa "Intérprete" vai ao ar aos sábados, às 15h da tarde pela Rádio Cultura FM de São Paulo, 103.3. Curta nossa Página no Facebook.
  2. Apresentação: Jamil Maluf
  3. Produção: Sonia Maria de Lutiis
  4. Estágiaria em Produção: Jessica Gomes

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