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Cassandra Castro – Da Cenarium

BRASÍLIA (DF) – Um desfile de blindados e tanques, nesta terça-feira, 10, em Brasília, está sendo visto com desconfiança por alguns deputados federais, pela coincidência de ocorrer no mesmo dia em que deve ser analisada em plenário a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. A matéria está confirmada na pauta da Câmara dos Deputados.

O comboio militar da Marinha vai à capital federal para a entrega de convites para uma Demonstração Operativa no Campo de Instrução de Formosa (CIF), no Estado de Goiás. Apesar de ser uma atividade anual, é a primeira vez em que anunciam a passagem dos tanques pelo centro de Brasília. Este ano, a operação também vai contar com a participação do Exército e da Força Aérea Brasileira.

Duas parlamentares usaram as contas pessoais no Twitter para comentar a movimentação militar na capital federal. A deputada professora Rosa Neide (PT-MT) ironizou a movimentação militar na Praça dos Três Poderes: “Essa atitude não nos intimida, será apenas um desperdício de combustível”, escreveu. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) comentou a queda da popularidade do presidente nas pesquisas e o uso das instituições militares na manutenção do modelo de poder de Bolsonaro.

O vice-presidente da Casa Legislativa, deputado Marcelo Ramos (PP-AM), também comentou a notícia em suas redes sociais e disse não acreditar no uso intimidador dos tanques nas ruas contra a Câmara dos Deputados, mas completou: “mas, se for, aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”.

No senado, a notícia também não passou em branco. O senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) deixou um recado em formato de avisos contundentes direcionados ao “ Inquilino do Palácio do Planalto”. O Psol decidiu entrar com um Mandado de Segurança na Justiça do Distrito Federal para proibir qualquer presença de veículos ou tropas militares durante as votações no Congresso Nacional.

O cientista político Tiago Monteiro Tavares vê claramente o ato como uma forma de intimidação aos deputados e uma afronta ao poder judiciário. Na opinião dele, este episódio é realmente uma ameaça à democracia e às instituições. “Se tiver manifestantes, este ato pode influenciar a deflagração de ações similares país afora e incitar também a violência”, concluiu.