Fundação Padre Anchieta

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O Roda Viva recebeu Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, no programa da última segunda-feira (26).

A bancada de entrevistadores foi formada por Débora Freitas, âncora da Rádio CBN, Diogo Schelp, colunista do Estadão e da Rádio Eldorado, Fabio Zanini, editor do Painel Folha de S.Paulo, Raquel Landim, colunista do UOL, e Reinaldo Gottino, jornalista e âncora da Record. O cartunista Luciano Veronezi ilustrou a entrevista em tempo real.

Com apresentação de Vera Magalhães, o Roda Viva é exibido pela TV Cultura, site da emissora, app Cultura Play, X (antigo Twitter), YouTube, Tik Tok e Facebook.

No programa, Guilherme Boulos respondeu perguntas sobre cracolândia, emprego, contratos de ônibus, privatização da Sabesp, moradia, MTST e mais. Ao longo da edição, o projeto Aos Fatos checou as falas e dados apresentados pelo candidato.

“A GCM não [está] fazendo ronda escolar.” [FALSO].

A declaração de Boulos é FALSA. As rondas escolares são atribuições da Guarda Civil Metropolitana (GCM) desde 2000, quando o então prefeito Celso Pitta (PTB) criou a Ronda Ostensiva Municipal Escolar. O programa foi inclusive reforçado pela gestão Nunes desde o ano passado.

Em 2023, em meio a um contexto de atentados em escolas, Nunes criou o programa Proteção Escolar de Cultura e Paz, que previa o aumento de 50% no total de operações de ronda escolar realizadas pela GCM. Com a nova medida, houve um acréscimo de 32 viaturas na frota e 96 carros passaram a patrulhar as escolas.

Aos Fatos não localizou dados públicos sobre o atual efetivo da GCM destinado às rondas escolares, o número de rondas realizadas por dia nem as escolas atendidas. Questionada sobre os dados, a Prefeitura de São Paulo não retornou o contato até a publicação desta checagem, que será atualizada assim que houver resposta.

Antes da gestão Nunes, a prefeitura também anunciou mudanças que visavam reforçar o programa de rondas escolares:

- Em 2005, durante a gestão de José Serra (PSDB), a administração municipal anunciou a entrega de dezenas de veículos destinados à função;

- Já em 2007, durante o governo de Gilberto Kassab (PSD), foi criado o Programa de Proteção Escolar Integrado, que previa o incremento da ronda escolar com o aumento do efetivo de pessoal e de viaturas;

 - Dois anos depois, foi implementado um sistema que visava a permanência de viaturas em horários pré-determinados em escolas que não possuíam policiamento fixo.

    “Por exemplo, resíduo de poda de árvore e resíduo de feira livre que é o orgânico já puro. Você não precisa separar. Aquilo tinha que ir direto pro pátio de compostagem. Sabe o que faz hoje? A prefeitura paga pra uma empresa pegar aquilo e enterrar num aterro.” [NÃO É BEM ASSIM].


    A declaração de Boulos é imprecisa, porque omite que a Prefeitura de São Paulo tem desde 2015 um programa de compostagem voltado ao aproveitamento de resíduos de feiras livres, o Feiras e Jardins Sustentáveis. Segundo a administração municipal, ao fim das feiras, os agentes de limpeza passam para recolher restos orgânicos separados pelos próprios comerciantes e os encaminham para pátios de compostagem, onde são misturados com restos de poda de árvore picada e palha.

    De acordo a prefeitura, a cidade possui atualmente cinco pátios de compostagem, com capacidade para receber 15.600 toneladas de frutas, legumes e verduras por ano e de processar até 3.120 toneladas de composto orgânico. Em 2023, todos os pátios receberam, juntos, quase 7.000 toneladas de resíduos orgânicos, que produziram cerca de 1.300 toneladas de composto orgânico.

    Corrigido durante o programa pela apresentadora Vera Magalhães, que leu ao vivo a checagem enviada pelo Aos Fatos, Boulos alegou posteriormente que, apesar de existir, o programa da prefeitura tem um alcance pequeno e recolhe resíduos de apenas 20% das feiras livres da cidade. De fato, de acordo com dados divulgados pela gestão municipal em 2021 — últimos disponíveis —, apenas 17% das feiras de São Paulo são beneficiadas pela iniciativa.

    Após o posicionamento da assessoria, o selo da checagem foi alterado de FALSO para NÃO É BEM ASSIM, uma vez que a iniciativa existe, mas sua implementação ainda abrange menos de 20% das feiras.

    Aos Fatos entrou em contato com a Secretaria Executiva de Limpeza Urbana (Selimp) para questionar se há dados mais recentes e se os resíduos não contemplados pela política são mesmo enterrados em aterros. Até a publicação desta checagem, no entanto, não houve retorno.

    “Os primeiros apartamentos do Minha Casa Minha Vida com varanda, elevador e com três dormitórios da faixa um do Minha Casa Minha Vida — que é a popular — foram feitos pelo Movimento Sem Teto em parceria com Minha Casa Minha Vida.” [NÃO É BEM ASSIM].




    Diferentemente do que sugere o candidato, o governo federal já havia anunciado mudanças na estrutura dos apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida meses antes de firmar compromisso com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) para a construção do empreendimento Copa do Povo, em São Paulo.

    Em setembro de 2023, o governo determinou que todas as novas unidades do Minha Casa Minha Vida a partir de então seriam construídas com varandas, ganchos para redes e estrutura para instalação de ar condicionado. As mudanças beneficiaram famílias que integram a Faixa 1 do programa, destinada aos que recebem até dois salários mínimos por mês.

    Em novembro daquele ano, foi anunciada a primeira seleção de propostas direcionada à Faixa 1, com 187.500 unidades aprovadas para construção em 560 municípios.

    Dois meses depois, em dezembro, o governo federal firmou compromisso para a construção do empreendimento Copa do Povo, que vai beneficiar famílias ligadas ao MTST. O terreno em que as 648 unidades habitacionais serão construídas foi ocupado pelo movimento em 2014, às vésperas da Copa do Mundo. A previsão é de R$ 573 milhões de investimento.

    “De um lado IDH da Suécia, no outro IDH da Somália, dos países mais pobres do mundo.” [NÃO É BEM ASSIM].




    De acordo com dados de 2010 da Prefeitura de São Paulo — os últimos disponíveis — o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da subprefeitura de Pinheiros, que inclui os bairros Jardim Paulista, Alto de Pinheiros, Pinheiros e Itaim Bibi, era de 0,942. O número é um pouco maior do que o índice da Suécia — 0,910 em 2010, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

    Já o menor IDH do município é o de Parelheiros, que era de 0,680 em 2010. Diferentemente do que alega Boulos, no entanto, o índice corresponde a quase o dobro do registrado pela Somália, que tinha um 0,380 de IDH em 2022 — único ano que teve dados coletados pela ONU.

    “Se dependesse da pesquisa Datafolha, hoje o Ricardo Nunes nem estaria no segundo turno.” [NÃO É BEM ASSIM].



    A declaração de Boulos é enganosa, porque a pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada na última sexta-feira (23), trouxe Boulos, Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) em empate técnico.

    Segundo o levantamento, os candidatos têm atualmente 23%, 21% e 19% das intenções de voto, respectivamente. Considerando a margem de erro de três pontos percentuais, ainda não é possível apontar quem irá para o segundo turno.

    “Ele próprio [Pablo Marçal é] condenado por fraude bancária, por golpe contra aposentado.” [NÃO É BEM ASSIM].




    A declaração é imprecisa, porque distorce o crime atribuído a Pablo Marçal (PRTB). O ex-coach foi condenado em 2010 por furto qualificado, e não fraude bancária. Considerado culpado por participar de um esquema que enviava mensagens infectadas com vírus para tentar roubar os dados bancários das vítimas, ele foi sentenciado a quatro anos de prisão, mas a pena prescreveu.

    Segundo a sentença de condenação, Marçal usava um programa que criava as listas de emails para os quais os vírus seriam enviados e consertava os computadores da quadrilha — que precisavam ser formatados com frequência, já que também acabavam infectados.

    Embora não seja possível excluir que aposentados tenham sido vítimas do golpe, as decisões da Justiça mencionam apenas os prejuízos que o esquema gerou aos bancos responsáveis pelas contas invadidas. Uma das decisões, por exemplo, explicita que a Caixa Econômica Federal precisou ressarcir os clientes que caíram no golpe.

    “Você sabia que nós tivemos déficit no ano passado? Mesmo com orçamento gigante, o maior da história, esse prefeito conseguiu fazer déficit de R$ 5,5 bilhões.” [VERDADEIRO].


    O dado citado por Boulos consta no Relatório Anual de Fiscalização do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM) de 2023 e, por isso, a declaração é VERDADEIRA.

    De acordo com o documento, a prefeitura, sem considerar receitas intraorçamentárias, somou R$ 89,8 bilhões de arrecadação, contra R$ 95,2 bilhões de despesas. “Com isso, pela primeira vez nos últimos cinco anos, o resultado orçamentário foi negativo (déficit de R$ 5,4 bilhões)”, aponta o TCM.

    “Ele [Ricardo Nunes] mantinha no ano até o ano passado um secretário de mudanças climáticas que era negacionista do aquecimento global.” [VERDADEIRO].



    Boulos se refere ao ex-secretário do Clima da Prefeitura de São Paulo Antônio Fernando Pinheiro Pedro, que ficou no cargo entre junho de 2021 e julho de 2023.

    Durante o Fórum Permanente sobre Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Pedro de fato negou a influência humana nas mudanças climáticas:

    “O planeta não será salvo por nós, ninguém salva o planeta Terra. Geralmente, ele se salva sozinho. Ele o faz há 4,3 bilhões de anos e muda o clima em todo esse período. Quando o planeta se salva, geralmente ele se livra do que está na superfície dele”.

    Após a repercussão negativa da fala, Pedro foi demitido pela prefeitura. Na época, o ex-secretário disse que foi alvo de “difamação” e que não tentou diminuir a influência do homem nos efeitos climáticos do planeta.

    Assista ao programa completo:

    Roda Viva | Eleição
    Os próximos entrevistados do programa serão Pablo Marçal (2/9) e Ricardo Nunes (9/9).

    Debate no 1º turno
    A TV Cultura realizará um debate no dia 15 de setembro, ao vivo, a partir das 22h, diretamente do Teatro B32. A iniciativa contará com a participação dos candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

    Roda Viva no segundo turno
    No segundo turno, a TV Cultura promoverá um Roda Viva especial com os dois candidatos que irão disputar a Prefeitura de São Paulo. O programa terá dois blocos de 25 minutos e outros dois de 20 minutos cada.

    Com tempos iguais de participação, os entrevistados ocuparão o centro jornalístico de forma alternada, seguindo a ordem que será decidida por sorteio 30 minutos antes do início da edição, com a presença de assessores dos dois candidatos. No quinto bloco, permanecerão juntos no estúdio para as considerações finais.