O documentário "AmarElo - É Tudo Pra Ontem" sobre o rapper Emicida, com direção de Fred Ouro Preto, ultrapassa as barreiras. É muito mais que um filme que estreia nesta terça (8) na Netflix.
Dividida em três atos (plantar, regar e colher), história resgata cena de bastidores e apresentação do rapper no lançamento do álbum no Theatro Municipal de São Paulo, no final de 2019, imagens do início da carreira do artista ainda nas rinhas de MCs, arquivos de momentos históricos do país e uma verdadeira aula de história sobre a luta do movimento negro por visibilidade.
Ao assistir o filme, me lembrei de Emicida no palco de um Municipal lotado de manos dizendo: "Não vamos aceitar menos que isso". E os negros não podem mesmo.
Naquele momento, muito de nós, na plateia, fomos às lágrimas ao que aquele espaço é para todos. Emicida mostrou isso no show e reforça no documentário.
O filme mostra como é possível entender o samba e como o gênero se relaciona com a Semana de Arte Moderna de 1922.
Em uma coletiva virtual realizada na última quinta (3), o cantor disse acreditar que AmarElo será "um farol de inspiração para muita gente". "Estrear representa, em um ano de tanta angústia, que podemos fazer o sol nascer de novo se houver união".
O que ganha destaque no filme, apesar dos importantes nomes da cultura brasileira como Fernanda Montenegro, Zeca Pagodinho, Pabllo Vittar, são as personalidades negras. Muitas delas, que marcaram época, são desconhecidas dos jovens que acompanham a carreira de Emicida. Leci Brandão, Tebas, Lélia Gonzalez, Ruth de Souza, Abdias do Nascimento, Marielle Franco ilustram a luta do movimento negro no Brasil. A amizade entre Emicida e Wilson das Neves emociona o telespectador. Aliás, ver o projeto AmarElo se formando é emocionante do início ao fim.
Desde o lançamento de "Eminência Parda" em 9 de maio de 2019, a primeira música do ábum, o projeto despertou curiosidade.
Ali, Emicida e seu irmão Fióti, já demonstravam que não estavam de brincadeira. É uma missão incansável da equipe da Lab Fantasma explicar a importância da luta pelo povo negro, contando sua real história.
O lançamento do videoclipe foi em uma sessão para convidados no Museu Afro Brasil. Após exibição do videoclipe, Emicida respondeu às perguntas dos convidados. O mesmo aconteceu na apresentação do álbum "AmarElo" na Red Bull Station, onde Emicida fez um faixa a faixa para um seleto grupo.
O documentário coroa a trajetória bem elaborada de "AmarElo" e deveria ser obrigatório nas aulas de história das escolas brasileiras. Uma hora e 29 minutos nunca foram tão essenciais aos brasileiros.
Serviço
Emicida: AmarElo - É Tudo Pra Ontem
Onde: Netflix
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