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Reprodução/Instagram
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Mariam Chami, 30, faz sucesso nas redes sociais com a divulgação de conteúdo voltado à quebra de preconceitos relacionados às mulheres que, assim como ela, são muçulmanas.

Com vídeos de humor, fotos e boomerangs ela deixa bem claro que sua religião não a impede de ser livre. "Pelo Islã, a mulher não é oprimida. A mulher muçulmana tem voz, tem espaço e está em um patamar muito elevado na religião, só que as pessoas não entendem isso", disse em entrevista ao site da TV Cultura.

"Quando eu, brasileira muçulmana, falo alguma coisa, as pessoas acham que é porque eu estou no Brasil, mas na verdade é a religião que me dá essa abertura, isso não tem a ver com o lugar em que estou. Existem, sim, mulheres muçulmanas que não têm essa liberdade que eu tenho, mas não é porque eu estou no Brasil, é porque eu fui criada em uma família boa, sou casada com um homem bom. Existem mulheres que não são livres e isso não tem a ver com religião", completa.

Para Mariam, uma das coisas mais importantes do movimento feminista é a mulher ser capaz de ser quem quiser e viver a vida do jeito que bem entender. “Eu digo que algumas mulheres vivem o feminismo seletivo. Não adianta você defender só o feminismo em que a mulher pode ficar pelada, isso não existe. Eu sempre falo que a liberdade não está relacionada com você estar despida, liberdade é muito mais do que isso.”

Ela começou com alguns vídeos falando sobre religião, mas de uma maneira mais séria. Em paralelo, também tinha uma conta no Instagram, mas a página era pessoal, até que Mariam viu seu conteúdo tomar proporções diferentes. “Com o tempo, outras pessoas foram me seguindo e sempre me questionaram muito em relação à religião e em relação ao hijab (véu colocado ao redor da cabeça), então comecei a falar sobre essa questão, mas no começo de uma maneira bem despretensiosa”, explica.

“Os meus vídeos viralizam muito tanto no Tik Tok, como no Instagram. O que eu falo nas minhas redes sociais é exatamente o que o Islã diz. Agora, se um país que é muçulmano faz coisas totalmente contrárias à religião, isso já não é mais culpa da religião em si.”

Além do trabalho com as redes sociais, Mariam é dona de 3 sorveterias em Florianópolis (SC). Começou a trabalhar desde os 14 anos no restaurante dos pais e é formada em Nutrição. Diz que as mulheres muçulmanas não só podem estudar como têm o dever de ir atrás do conhecimento.

Ela usa sua visibilidade nas redes sociais para combater o preconceito e a intolerância relacionada à outras religiões, não apenas ao islamismo. “Quase 90% do meu público não é muçulmano. (...) Juntando as minhas duas redes sociais (Instagram e Tik Tok) eu tenho quase 1 milhão de seguidores, que estão querendo se desconstruir e saber mais sobre religião. Eu tenho poucos haters e tento lidar com eles da melhor maneira possível e com bom humor. Até brinco que é bom o contato deles, porque me dão mais conteúdo (risos)”.



“As pessoas que me seguem, principalmente as mulheres, me perguntam muitas coisas como, por exemplo, o porquê de eu usar lenço, se eu não me acho uma pessoa oprimida e se eu tenho vontade de usar biquíni”, diz aos risos novamente. “Eu não tenho vontade de usar biquíni porque eu já usei! Eu posso usar biquíni em lugares reservados, como na minha casa. Mas na praia, eu uso meu burquini e me sinto linda, estilosa e plena com ele.”

Através de suas redes sociais, Mariam Chami ressalta sua autoestima:



Maternidade

Em junho do ano passado, Mariam teve seu primeiro filho, o pequeno Abudi de 7 meses. Como quase tudo em sua rotina, o período de gestação também foi muito abordado nas redes sociais, apesar de ela não poder postar fotos exibindo a barriga.

“Perguntaram muito como seria meu parto e perguntaram inclusive se um médico homem poderia me atender, e claro que sim, inclusive foi um homem que fez meu parto. Também perguntam bastante como eu amamento meu filho em público, e eu falo que não gosto de deixar meu peito à mostra, assim como tantas outras mulheres. (...) Acho que as pessoas pensam que minha religião é muito mais rígida do que realmente é.”


Preconceito

A gente tem o direito de não gostar da opção do outro, mas somos obrigados a respeitar. As pessoas acham que é muito fácil ser muçulmana no Brasil, mas existe muita gente que não respeita e que é intolerante, principalmente com as mulheres e no mercado de trabalho. Mas com o tempo, acho que isso vem mudando.”

Na entrevista, Mariam também ressaltou que muitas mulheres muçulmanas se sentem bastante representadas pelo seu conteúdo, que fica muito feliz por poder representá-las e que hoje existem várias outras influenciadoras muçulmanas pela internet.

“Meu objetivo não é converter alguém para minha religião, meu objetivo é somente trazer informações e quebrar preconceitos”.