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Foto: Tomás Senna
Foto: Tomás Senna

Apesar de muitas mulheres terem sucesso no mundo da música, o bastidor da indústria ainda é dominado por homens. Atualmente, 80% dos cargos mais importantes são ocupados por profissionais do sexo masculino. Competência e talento podem ser as chaves para quebrar os padrões.

Uma das profissionais que furaram a bolha foi Raquel Boletti, fundadora da NightShift Operações, especializada em controle de acessos em grandes eventos. Seu próximo trabalho será no Só Track Boa Festival, uma das maiores festas de música eletrônica da América Latina, que é capitaneada pelo Dj brasileiro Vintage Culture.

A NightShift Operações é responsável por validação de ingresso, controle de lista vip, verificação de documento, controle de Camarotes, operação com catracas, SAC para problemas com ingresso, bilheteria, verificação de carteirinha de estudante, recebimento de alimento para doação, controle de acesso em backstages e até meeting greeting.

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“As mulheres eram muito presentes na área de Hostess e Recepção, mas nunca na direção e planejamento dos projetos. Cheguei a ouvir de um diretor que eu jamais seria uma produtora que eu era “apenas uma hostess”, além de desmerecer meu trabalho, ainda desmereceu o trabalho das recepcionistas. A maior dificuldade de ser mulher em um universo dominado por homens, é ter que provar a todo momento nossa capacidade”, revela.

Diante dos preconceitos, a produtora é composta por minorias. Sua equipe é formada por 80 colaboradores fixos e 250 no rotativo, que são mulheres, sendo mais de 70% da equipe, negros, cadeirantes, LGBTQIA+, trans, bilingues (inglês e espanhol) e especialistas em libras.

A presença de mulheres nos bastidores dos eventos faz com que mais mulheres estejam nos palcos. No Só Track Boa, há diversos nomes femininos que irão marcar presença tanto no palco principal, quanto no secundário. Foram confirmadas as brasileiras Carola, Milla Journée, o projeto From House to Disco, das brasileiras Bruna Ferreira e Livia Lanzoni, a ucraniana Koralova, as italianas Giolì e Assia e a dinamarquesa Ashibah.

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O trabalho da NightShift Operações já é muito bem reconhecido no mercado. Além do Só Track Boa, o trabalho já foi feito no Luan City, novo projeto de Luan Santana, Time Warp, Cercle Brasil, Rock Brasil 40 anos, Let's Pipa, Emoções e festas de fim de ano em São Miguel do Gostoso e Trancoso.

“Trabalho com produção geral também, sou gestora head do Pagode do Chuvisco. Já estamos na oitava edição do projeto e atingimos um público de até 2,5 mil pessoas. Sou responsável pelos orçamentos, quantificação de equipes e montagem/desmontagem de todo evento, trabalho junto com o time da NS Operações e respondo aos sócios, que são sete homens. No início foi um pouco difícil, mas logo na primeira edição do projeto conquistei a confiança de todos eles”, completa.

Djs mulheres relatam dificuldades

As dificuldades das mulheres não são apenas nos bastidores. Apesar de estarem mais presentes nos Line-ups dos festivais, profissionais femininas ainda precisam se provar diariamente.

“[A cena] era muito diferente do que ela é hoje, ela realmente era predominantemente formada por profissionais homens. Tanto nos bastidores, quanto nos palcos. Até hoje, sinto que tenho que me provar, sou questionada até hoje, mesmo nesse momento maravilhoso que eu estou vivendo”, revela a Dj Eli Iwasa.

Na visão da artista, um dos motivos para elas ganharem espaço na cena não foi apenas o talento. O fato de ter mais diversidade nos bastidores dos clubs e dos festivais, abriu mais espaço para as mulheres apresentarem seus trabalhos.

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“Nos lineups mais diversos, mais inclusivos, eles sempre são melhor construídos quando tem mulheres nessa construção, quando tem curadoras mulheres ou quando tem pessoas LGBT nessa nessa construção. Então, é super importante que essas pessoas sejam colocadas nesses lugares de tomada de decisão também”, explica.