O projeto ‘Narrativas Periféricas’ está fazendo com que quadrinistas das favelas de São Paulo realizem o sonho de estarem na CCXP 2023. No stand da iniciativa, localizado no setor ‘Artists Valley’, estão expostos os quadrinhos e desenhos dos dez artistas participantes do programa social.
Criado pela Editora Mino, em parceria com a PerifaCon e Chiaroscuro Studios, o ‘Narrativas Periféricas’ oferece um curso de profissionalização para autores de quadrinhos das periferias paulistanas, tendo como objetivo inserir esses artistas no mercado de trabalho.
Janaina de Luna, idealizadora do programa e editora-chefe da Mino, afirma que o cenário dos quadrinhos no Brasil está com alta projeção de produção e crescimento internacional. Entretanto, ela alega que esse meio não é diverso e tem pouca – ou quase nula – presença de artistas negros, periféricos e de baixa renda.
“Isso me deixou muito incomodada e foi por isso que eu tive a ideia de criar o ‘Narrativas Periféricas’. A ideia do curso não é ensinar a fazer quadrinhos e, sim, formar quadrinistas em nível que eles possam brigar de ‘igual para igual’ com os melhores nomes no mercado”, ressalta Janaína, em entrevista ao site da TV Cultura.
Sidnei Junior, mais conhecido como Saudade³, é um dos 16 quadrinistas que já se formaram pela iniciativa. Ele, que possui 28 anos e mora em Osasco (São Paulo), é autor do livro ‘Menozada: AULA-VAGA’, que retrata as vivências de estudantes de escolas públicas das periferias. A obra também está exposta na 10º edição da CCXP.
“Participar do ‘Narrativas’ foi uma grande oportunidade, porque, pelo menos pra gente que vem da periferia, se inserir no nicho de quadrinhos é bem complicado. Esse nicho é ainda muito dominado por classes sociais que são geralmente mais privilegiadas”, declara Saudade³.
Já Wiru, de 38 anos, é criador de ‘Picumã’, uma história em quadrinhos de ficção científica voltada para o público LGBTQI+. O artista, que é morador de Guarulhos, São Paulo, participou da última edição do ‘Narrativas Periféricas’.
“É uma oportunidade que eu sempre quis, porque sempre sonhei em fazer quadrinhos. Eu faço quadrinhos que utilizam Drag Queens e as pessoas LGBTQI+ como personagem e esse nicho de obra não é muito aceito em outros eventos. É muito legal estar na CCXP, me sinto acolhido e representado aqui. Estou realizando um sonho”, diz Wiru.
REDES SOCIAIS