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Reprodução/Instagram Willian Borges Da Silva, Flamengo e Clube Atlético Mineiro
Reprodução/Instagram Willian Borges Da Silva, Flamengo e Clube Atlético Mineiro

Nesta edição do Campeonato Brasileiro, vários jogadores que construíram uma história importante no futebol europeu e com passagens pela seleção brasileira retornaram ao país de origem. Além do anúncio do zagueiro David Luiz, na última sexta-feira (11), pelo Flamengo, outras figuras de renome, como Douglas Costa (Grêmio), Willian e Renato Augusto (Corinthians), Taison (Internacional), Hulk e Diego Costa (Atlético Mineiro), e os nomes que já estavam em solo nacional, caso de Rafinha (Grêmio) e Filipe Luís (Flamengo), trouxeram uma esperança para elevar o nível das partidas e a atratividade do Brasileirão.

O patamar do futebol brasileiro ainda é muito discutido quando comparado ao jogo que é disputado na Europa. Mesmo os jogadores que não conseguem desempenhar em alto rendimento em outras ligas, desfrutam de uma ótima performance quando retornam ao Brasil. No Atlético Mineiro, o Hulk é um exemplo claro, vindo da China, sem tanto espaço no mercado europeu, tem feito uma temporada de grande destaque no Brasil, ganhando inclusive uma nova chance na Seleção Brasileira.

Para Marcelo Segurado, diretor-executivo de futebol com passagens por Goiás e Ceará, não é surpresa nenhuma afirmar que o nível do futebol praticado na Europa ainda está bem acima do praticado na América Latina.

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“Quando discutimos aspectos táticos e técnicos no Brasil, por exemplo, notamos que ainda estamos um passo atrás em relação às principais ligas do mundo. Porém, é inegável a capacidade de nosso país em formar grandes talentos, de ótima qualidade individual, mas essas joias estão indo cada vez mais cedo para o exterior e tudo isso tem um preço. Basta olharmos a Seleção Brasileira, quais dos nossos principais craques atuam no futebol brasileiro?”, indaga o dirigente.

A exemplo de alguns clubes brasileiros, além de trazer jogadores capazes de decidir partidas, a identificação com a torcida e o espírito de liderança foram fatores preponderantes nas contratações. No Internacional, Taison chegou no início da temporada. Sua importância no time é considerada um consenso.

“Trouxemos um jogador com a cara do clube e identificado com o torcedor. Além de outras figuras de renome e experiência internacional no elenco, com rodagem em outras ligas do futebol, caso de Paolo Guerrero e Edenílson, que inclusive recebeu uma chance na Seleção Brasileira. É fundamental ter no plantel atletas que conhecem a grandeza e a história do clube, além de exercerem um papel de liderança e referência no vestiário para os mais jovens”, analisa Emílio Papaléo Zin, vice-presidente de futebol do Internacional.

Marketing esportivo e redes sociais

As ativações de marketing aproveitando o nome de jogadores consagrados, e que despertam grande euforia dos torcedores, tem se mostrado um caminho viável para os clubes brasileiros lucrarem com mais receitas. Porém, de que maneira as agremiações podem tirar proveito da imagem desses ídolos para aumentar ainda mais as vendas de camisa e produtos relacionados aos jogadores?

Na visão de Rene Salviano, executivo de marketing que lançou neste ano a HeatMap, agência de marketing esportivo focada em captação de patrocínios, as redes sociais se tornaram um bom termômetro para medir o sucesso e aceitação da torcida em relação a uma contratação, podendo até reverter toda a repercussão em lucro para os clubes.

“Vale lembrar que hoje todos brigam por audiência e estes atletas trazem consigo alta dose disto, e audiência é dinheiro. Todos sempre lembram primeiramente em vendas de camisas, mas somente o ato de consumo das redes sociais podemos mensurar como ponto positivo de ganho financeiro. Com um bom planejamento e uma boa dose criativa em ativações, grandes marcas compram a ideia de projetos especiais envolvendo grandes nomes”, conclui o especialista.

O Corinthians, ao oficializar as contratações de Willian e Roger Guedes, fez os perfis oficiais do clube nas redes sociais bombarem e, somente o anúncio do camisa 10 no Instagram, representou mais de 3 milhões de interações. No São Paulo, as chegadas de Calleri e Gabriel Neves também impulsionaram a participação da torcida nas mídias, representando um aumento de 37% em relação à semana anterior do anúncio. Esses dois atletas eram desejos antigos do São Paulo que, graças ao trabalho de Carlos Belmonte e Rui Costa, finalmente concretizou o negócio.

“Acredito que todas as ações que envolvem celebridades do esporte atingem um alcance maior e marcam o consumidor. A conexão com os ídolos brasileiros causa um impacto muito grande no mercado nacional. Alguns atletas possuem a capacidade de mobilizar milhares de fãs do esporte, os times usam desse ativo para criar uma gama ainda maior e rentabilizar produtos e serviços”, afirma Marcelo Palaia, professor e especialista em marketing esportivo.

Para trazer esses atletas de ‘peso’, os clubes tiveram de desembolsar altos valores para fechar os negócios ou até mesmo oferecer um salário a altura. O Atlético Mineiro, com a ajuda de investidores, gastou cerca de R$253 com contratação de atletas em 2020. Eduardo Carlezzo, especialista em direito desportivo, acredita que a pressão por resultados imediatos dentro de campo faz com que os clubes gastem o que não têm para trazer atletas de maior calibre.

“Essa é uma prática histórica, aplicável não apenas no futebol brasileiro. Porém, no âmbito nacional, isso fica mais evidente e ocorre livremente, pois não temos em vigência um sistema de fair play financeiro que limite os gastos dos clubes. Se por um lado um jogador renomado tem a capacidade de mobilizar o torcedor, o que pode gerar mais receitas, na prática, o que na maioria das vezes acaba ocorrendo, é o aumento do endividamento, o que vai aos poucos asfixiando a gestão do clube”, acrescenta Carlezzo.

O advogado Pedro Trengrouse, professor em gestão esportiva na FGV, segue uma linha de raciocínio parecida. “O problema dos clubes brasileiros não está nesses casos isolados. Está no modelo de gestão associativo em que tudo é de todos e nada é de ninguém, com dirigentes amadores se sucedendo sem curva de aprendizado, nenhum planejamento a médio prazo e nem maiores responsabilidades. Clubes brasileiros teriam condições de manter estes e muitos outros jogadores se tivessem gestão e investimento empresarial, como acontece praticamente no resto do mundo”.

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