Esporte

Vice-presidente da Gaviões questiona representatividade no futebol: “Quantos presidentes são negros?”

Em entrevista exclusiva ao Estação Livre, Danilo de Oliveira disse que os negros só ocupam subempregos, o que ele considera reflexo do racismo estrutural


01/07/2022 22h28

No Estação Livre desta semana, Cris Guterres recebeu o ex-jogador e atual assistente técnico do Santos Serginho Chulapa e o editor-chefe do site Planeta Futebol Feminino, Rafael Alves. Eles debateram diversas questões do futebol, entre elas a representatividade.

O programa também conversou com o vice-presidente da Gaviões da Fiel, Danilo de Oliveira, que contou um pouco da história e das lutas da maior torcida organizada do Corinthians.

Confira a reportagem completa:

Danilo explicou que o papel deles vai além das quatro linhas:

Os Gaviões surgiram no meio da ditadura militar, quando também se fazia uma ditadura no Corinthians e um grupo de jovens decidiu reivindicar e fiscalizar o clube. Dentro da organização de ida ao estádio, cantar, tem toda uma organização. Se for necessário falar com a diretoria, protestar na frente do Centro de Treinamento, a gente vai.”

O vice-presidente da torcida organizada também falou de questões sociais que atingem o esporte.

“O Brasil foi feito em cima do racismo. Quantos presidentes de clubes negros existem? Não tem. A gente só ocupa cargo de subemprego, isso é o racismo estrutural [...] Que o povo possa sair da feira trabalhando e ir para o estádio ocupar o espaço que é dele também. É isso que eu quero, esse é o futuro”, completou.

Voltando ao estúdio, Rafael disse que a melhor maneira de combater o preconceito no esporte é punindo os times. Porém, ele ressalta a fala de Danilo, a baixa representatividade em cargos altos dificulta o processo.

“Não há um conforto em denunciar os casos. Enquanto esses líderes não tomarem uma atitude, começar a penalizar os times, a gente vai continuar vendo a impunidade”, afirmou o produtor de conteúdo.

Serginho Chulapa é mais pessimista com o assunto. Ele contou sua experiência com o preconceito dentro de campo:

“O racismo não vai acabar nunca. O nosso país é um dos mais racistas do mundo. Na minha época xingavam de ‘nego’ pra cima, mas não tinha isso de ir na delegacia fazer B.O. Entrava por um ouvido e saía por outro.”

Segundo o ex-jogador,se sofresse discriminação hoje, a situação seria diferente.

“Se me xingassem de macaco, eu resolveria da minha maneira, o B.O ia ser ali mesmo”, brincou Chulapa.

Veja o trecho completo:

Leia também: Serginho Chulapa analisa nível técnico do futebol brasileiro: “O craque vem da periferia”

Assista ao programa na íntegra:

O programa Estação Livre é apresentado pela jornalista e empreendedora Cris Guterres, considerada pela revista Forbes uma das criadoras de conteúdo mais inovadoras de 2020. Feita por uma maioria de mulheres pretas, a atração tem a missão de valorizar a cultura negra, a rica diversidade do Brasil e trazer a sociedade para repensar e ajudar a reconstruir um país mais justo para todos.

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