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Reprodução/Instagram @edpalmeirapro
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O Brasil nunca foi tão bem representado no Olympia - campeonato mais importante e renomado do fisiculturismo, tido como a “Copa do Mundo” desse esporte - como em 2022. Com dezenas de participantes, o país chegou a diversos pódios e, nas categorias femininas, até mesmo a títulos.

Um dos principais nomes brasileiros do show foi Edvan Palmeira, que ficou com a quinta colocação na categoria Men’s Physique. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o fisiculturista baiano conta detalhes de sua preparação, de sua ida à capital paulista e de seus treinos em casa quando não podia ir à academia.

Preparação para o Olympia 2022

A preparação de Edvan para o Olympia do ano passado não foi fácil. Após competir em diversos shows na tentativa de conquistar sua vaga para o torneio mais importante do planeta, o fisiculturista já se encontrava sem folga há mais de um ano, o que o fez acreditar que, talvez, não chegasse com seu melhor físico.

“Até determinado ponto, a preparação foi bem difícil. Principalmente porque eu já vinha de mais de um ano em dieta restrita. Estava bem puxado. Minha esposa já me acompanha há um bom tempo, e essa foi a preparação em que ela mais se preocupou. Ela me via bem debilitado, com o psicológico abalado”, aponta o atleta.

O baiano ainda lembra da fase mais emocionante de sua finalização: “Foi difícil, mas no final deu certo. Principalmente nos últimos 10 dias. A partir dali, onde o Rudeboy assumiu minha preparação, conseguimos deixar o rumo que possivelmente não nos levaria a esse final. Eu subi com 10kg a menos do que no campeonato anterior. Isso poderia fazer uma diferença negativa, mas ele conseguiu reverter esse quadro.”

Durante a preparação para um campeonato, chega o momento em que os fisiculturistas se encontram em uma encruzilhada: Eles precisam “secar” o máximo possível, perder o máximo de gordura e água possível. No entanto, é preciso preservar - também ao máximo - sua massa muscular. Por isso, Edvan e seu treinador utilizaram técnicas arriscadas e pouco usuais, com balas e lanches como alimento.

“Essa estratégia foi feita um dia antes do campeonato. Meu físico já vinha de um processo muito restritivo pelas preparações que eu vinha fazendo. Com isso, meu corpo começou a entrar em um processo de catabolismo (perda de massa muscular). Por isso, precisamos fazer o uso de diferentes estratégias para tentar manter a minha musculatura”, conta o atleta.

“Após a hiperidratação, a gente faz manobras para tirar toda a água subcutânea - entre a pele e o músculo. Para fazer isso, a gente acaba depletando o músculo, tirando o glicogênio dele. Para repor isso, a gente entra com um carboidrato. Para evitar o catabolismo, precisamos utilizar alimentos mais calóricos e açúcar. Assim, conseguimos manter a musculatura e a densidade (...) Na reta final, você precisa tirar a água que fica entre a pele e o músculo. Assim, a musculatura fica mais aparente. Em paralelo a isso, entramos com uma fonte de carboidrato. Dentro de uma estratégia 'normal', a gente utiliza arroz, batata, etc. São fontes de carboidrato que fazem sua musculatura 'encher'. Por conta da minha condição naquele momento, comi balas da Fini e Big Mac sem queijo”, explica Edvan.

Outro ponto que chamou a atenção dos fãs foi que, dentro do Top5 do Olympia 2022, havia outro brasileiro - e não qualquer um. Diogo Montenegro, que ficou com a medalha de bronze, treinou e preparou Edvan até a viagem para Las Vegas, nos Estados Unidos, onde aconteceu o campeonato.

“Minha meta sempre foi essa. Estar ali - durante a preparação a gente até comentava - entre os cinco melhores do mundo e dividir o palco com ele. Para mim, foi uma sensação muito boa, foi muito legal. Agora, espero que a gente possa dividir o pódio em Ohio (no Arnold Classic). Não mais como treinador e atleta, mas sim como dois atletas. Também quero levar a melhor desta vez”, frisa Edvan.

Um dos momentos mais emocionantes do fisiculturismo nacional no ano passado foi a reação de Diogo diante da vitória de Edvan no Expo Super Show, em junho.

Treinos em casa

Em 2019, Edvan e sua esposa, Mille, tiveram que voltar para o interior da Bahia. Na época, o casal não tinha condições de frequentar uma academia.

Diante da situação difícil, Edvan, que já era um atleta profissional, teve que praticar musculação em casa para tentar manter o físico: “Lá não tinha academia perto, e a gente também não tinha condições de pagar um plano. Foi então que eu acabei optando por treinar em casa. Ela me ofereceu ajuda.”

“Na época, a gente vendia lanches. Se vendêssemos todos, conseguiríamos comprar uma cartela de ovos - na época, a única fonte de proteína que eu poderia ter era o ovo. Se não conseguisse vender tudo, não dava para comprar”, conta o fisiculturista.

“Treinei muitas vezes com o peso dela, conseguia adaptar alguns movimentos. Eu fazia remada curvada. Eu segurava uma barra que eu já tinha em casa e ela “se pendurava” nessa barra, ou seja, eu puxava o peso dela. Com essa mesma barra, eu fazia desenvolvimento para os ombros. Ela jogava seu peso na barra e me causava resistência. Também fiz muita barra fixa na árvore. Às vezes ela subia nas minhas costas para eu fazer agachamento”, relembra Edvan.

Mille diz que, em determinado momento, as técnicas que o casal utilizava não surtiam mais efeito nos treinos do fisiculturista: “Chegou uma época em que eu estava ficando muito magra e não estava mais funcionando, então tentamos colocar uma mochila em mim. Mas quando ele ia fazer o movimento, eu me desequilibrava.”

Apesar de não ser a maneira mais eficiente de praticar musculação, os treinos em casa podem ajudar, opina a criadora de conteúdo digital: “Pode ser uma boa para começar. Você até vai ter um resultado. Mas chega uma hora em que você precisa de peso. Uma academia faz total diferença.”

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