A atriz, influenciadora digital e atleta Aline Dahlen, que teve como principal projeção no país sua participação no Big Brother Brasil (BBB) em 2014, anunciou recentemente que deixou o fisiculturismo. Durante sua curta carreira nos palcos, ela conquistou os títulos da “WBFF European” na Inglaterra e do “DXB Muscle Classic” em Dubai.
Com a saída do esporte competitivo, a ex-BBB quer investir em sua saúde, vida social e feminilidade, fatores que podem ser deixados de lado quando se está inserido no mundo das competições. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, a artista dá mais detalhes sobre sua trajetória.
Lado obscuro do esporte
Os corpos apresentados por atletas de fisiculturismo podem ser almejados por muitas pessoas. No entanto, na grande maioria dos casos, os resultados não podem ser atingidos apenas com treino e dieta. “Seu corpo tem um limite, estabelecido pela sua genética. Claro que tem genética, treino, descanso, mas chega uma hora que o organismo não responde mais. Aí as pessoas começam a utilizar os hormônios”, explica Aline.
Segundo a ex-fisiculturista, um fator crucial para sua saída do esporte foi o exagero dos recursos ergogênicos (comumente chamados de “bomba”): “Vejo muitas meninas que exageram. E aí vai competir eu, feminina, bonita, contra mulheres que têm três vezes o meu tamanho. Fica até difícil para os jurados julgarem.”
“O fisiculturismo é engraçado. Na hora de colher os louros, parece que você acabou de começar. Mas eu não comecei em 2020. Eu comecei com quatro anos de idade, quando entrei na ginástica rítmica. Você não pode chegar na academia hoje para competir daqui meses. Muitos querem treinar meio ano, se encher de ‘bomba’ e subir no palco. Algumas até conseguem, mas aí têm queda de cabelo, ficam com o corpo quadrado, com a cara masculinizada, pele ruim, voz horrível… Na minha categoria, a Wellness, a maioria das atletas boas tem mais de 30 anos, você precisa treinar anos e anos para desenvolver uma musculatura. É como ser um advogado, por exemplo. Você passa anos na faculdade, se especializa, passa por estágio, etc”, completa.
Diante do uso de hormônios, há os efeitos colaterais. Para a atleta, o pior deles foi a queda de cabelo. “Meu cabelo sempre foi bonito, natural. Graças a Deus, consegui parar a tempo. É difícil ver fisiculturistas profissionais - com exceção da categoria bikini - com o cabelo natural. Muitas usam apliques para dar volume ou comprimento. Algumas perdem características femininas”, pontua a atleta.
Ainda de acordo com a influencer, “muitas meninas ficam com voz grossa, com os órgãos genitais super desenvolvidos (...) a pele fica oleosa, cheia de acne”. Por isso, ela levanta o questionamento: “A gente está se estragando para tentar ficar bonita?!”
Aline também chama atenção para os efeitos psicológicos que as redes sociais podem causar nas fãs: “Muitas falam da ‘cinturinha’ como se fosse só dieta e treino, e não é. Não falam de cirurgia, recursos ergogênicos, etc. Aí as mulheres que acompanham no Instagram, que não sabem disso, se sentem mal por não conseguirem atingir aqueles resultados. As atletas têm um corpo lindo, mas não é só suor. E eu acho que precisamos de mais verdade. Por isso comecei a falar e contar o que aconteceu comigo.”
Alimentação
Os fisiculturistas têm duas fases em sua preparação: o bulking, na qual os atletas entram em superávit calórico para construir músculos, e o cutting, quando eles entram em déficit calórico para perder gordura e retenção líquida). Ou seja, nunca se está “confortável”.
Aline revela que já chegou a consumir 600 gramas de arroz em apenas um dia na fase destinada ao ganho de peso. Sobre essa “sanfona na balança”, ela destaca os pontos negativos do processo: “Você cresce, mas também cresce tudo. E aí você fica com pele sobrando (depois que ‘seca’). Claro que você faz a dieta e volta tudo para o lugar, mas repito: volta aos 20 anos, volta aos 30 anos, volta aos 40 anos. Aos 50 anos, não volta.”
“Hoje, eu tenho 65kg. Eu teria que fazer um bulking e aumentar meu peso até os 75kg para aumentar minha massa muscular e depois entrar no cutting. O músculo ficaria lindo, mas e a pele? Fazer isso com 20 anos, tudo bem, Você está cheio de colágeno. Depois dos 35 anos, por exemplo, é mais difícil. A pele não é tão maleável, fica flácida e dá estria mais fácil”, ressalta.
Vida pós esporte
Aline não se vê mais dentro do esporte. De acordo com a atriz, a vida de um atleta é muito restrita. “Eu quero ser feliz, sabe?! 'Vamos ali tomar um cappuccino?' Vamos! 'Vamos ali jantar fora?' Vamos! Antes, eu não podia. Eu ficava me culpando, não sentia prazer”, lembra.
Outro conforto que ela tem, agora que deixou fisiculturismo, é “ter um ou dois dias de descanso na semana”. “Ontem eu não fui à academia, e tudo bem. Não vou me matar por isso”, exemplifica.
Dentre os hábitos que a ex-BBB deixou de ter durante sua carreira como fisiculturista, também estão “dormir um pouco mais tarde” e “sair para jantar".
“São pequenos prazeres na vida que eu, por opção, deixei de lado e agora estou reaprendendo a ter”, afirma. “Outra coisa também que eu fazia muito era chegar na academia às 14h e sair às 18h”, conclui.
Por fim, ela fala que não deixou de praticar musculação, mas não precisa dos extremos para viver: “Já atingi os lugares que eu queria. Já provei que sou capaz e agora vou seguir a vida. Vou procurar outro objetivo agora. A graça da vida é a gente sempre se desafiar e nunca parar.”
Leia mais: Após se recuperar de um aneurisma, Karen Ranocchia quer chegar ao topo do fisiculturismo
REDES SOCIAIS