Jogadoras negras que fizeram história na seleção brasileira
01/08/2023 17h03
No país do futebol, não é espantoso que tantas jogadoras sejam referência nacional e internacional. Mesmo com o atraso no desenvolvimento da modalidade devido a regras machistas institucionalizadas, como a proibição por lei da prática do futebol por mulheres em 1940, nossas atletas têm desempenho que quebram recordes, tanto no feminino como no masculino.
Em vista do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que foi comemorado no dia 25 de julho, e celebra a união destas mulheres contra o racismo e o machismo estrutural, confira algumas de nossas jogadoras negras mais relevantes para a história do futebol brasileiro.
Pretinha
Delma Gonçalves, mais conhecida como Pretinha, jogou pela seleção brasileira desde 1991, disputando a primeira edição da Copa do Mundo Feminina, com 16 anos, até 2014, sendo uma das atletas que vestiu a amarelinha por mais tempo. Atacante versátil, também atuava como meio-campista.
O auge da carreira foi no início dos anos 2000, quando jogou em equipes da liga estadunidense. Após uma lesão que a afastou dos campos por dois anos, jogou na liga japonesa pelo INAC Kobe Leonessa, onde fez 33 gols em três temporadas.
Pela Seleção, Pretinha disputou quatro Copas do Mundo e quatro Olimpíadas, sendo vice-campeã do mundo em 2007 e olímpica em 2004 e 2008. São 42 gols em 68 jogos pelo Brasil, encerrando sua carreira em 2015 como a segunda maior artilheira em Jogos Olímpicos.
Roseli
Conhecida como a “atacante dos gols bonitos”, Roseli de Belo compôs a equipe nacional feminina que disputou o primeiro torneio mundial, em 1991, mas vestiu a camisa a partir de 1988. Até se aposentar da seleção, em 2004, participou de todos os Jogos Olímpicos (1996, 2000 e 2004) e de duas Copas do Mundo (1991 e 1995), além de conquistar o tricampeonato sul-americano (1991, 1995 e 1998).
Na Sul-americana de 1998, ela foi artilheira da competição com 16 gols. Foi medalha de ouro no Pan-Americano de 2003 e prata nas Olimpíadas de 2004. Está entre as dez maiores goleadoras da CBF feminina, marcando 35 vezes.
Seu gol mais marcante foi o da vitória de 1 a 0 contra a Austrália no Torneio Internacional Cidade de Uberlândia, em 1995. Depois de um chapéu, Roseli chutou com o pé esquerdo direto para o fundo da rede adversária. Narrado por Luciano do Valle, o gol foi chamado de “histórico”.
Ary Borges
Destaque da história recente da seleção brasileira, a maranhense de 23 anos se tornou a primeira jogadora a estrear em Copa do Mundo com um hat-trick (três gols em uma única partida), na vitória de 4 a 0 sobre o Panamá em 2023. Decisiva, participou do gol que não marcou com uma assistência.
A artilheira está acostumada a pontuar pelo Brasil. Marcou na Copa do Mundo Sub-20 de 2018, duas vezes no Torneio Internacional de Manaus em 2021 e na semifinal da Copa América de 2022.
Cristiane
Atacante natural de Osasco, SP, Cris é uma das três partes da Santíssima Trindade do futebol brasileiro. Com Marta e Formiga, foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos duas vezes seguidas (2004 e 2008), é a segunda maior goleadora da seleção brasileira, com 96 gols em 117 jogos, e a maior artilheira Olímpica, entre homens e mulheres, com 14 gols.
Também atingiu a meta adversária mais vezes na Copa América de 2006 e 2014, nas Olímpiadas de 2004 e 2008 e na Libertadores de 2009 e 2012. Foi uma das futebolistas mais jovens a marcar três gols em partida de estreia do Brasil, na Copa do Mundo de 2019.
Formiga
Miraildes Maciel Mota, ou apenas Formiga, a meio-campista soteropolitana se aposentou pelo São Paulo FC em 2022 e da seleção brasileira no mesmo ano. Bateu recordes no futebol não apenas na modalidade feminina, como também na masculina: é a pessoa que mais vestiu a camisa da CBF (234 jogos) e a única atleta que participou de sete edições de Copa do Mundo e de Jogos Olímpicos, estando presente desde que o futebol feminino foi incluído na competição, em 1996.
Jogou pelo Paris Saint-Germain de 2017 a 2021, conquistando um Campeonato Francês e uma Copa da França. Tricampeã Panamericana e da Libertadores da América, hexacampeã da Copa América, foi vice na Copa do Mundo de 2007 e venceu o Mundial de Clubes de 2014 com o São José EC. A sala de troféus é grande.
Marta
A alagoana de 37 anos debutou pela Seleção em 2002, aos 16 anos. Marcou três gols em sua primeira Copa do Mundo, em 2003, e nunca mais parou. É a primeira pessoa, entre homens e mulheres, a marcar gols em cinco edições da Copa, dois anos antes de Cristiano Ronaldo. Convocada para o mundial de 2023 na Austrália e na Nova Zelândia, tem a oportunidade de aumentar o recorde para seis edições.
Atualmente, joga pelo Orlando Pride, mas teve suas maiores conquistas individuais no período em que atuou pelo Umea IK, da Suécia. Foi a primeira pessoa a ser eleita a Melhor Jogadora pela FIFA por cinco vezes, cinco anos antes de Lionel Messi, consecutivamente de 2006 a 2010. Após um período conturbado de transferências, até se estabelecer no atual clube em 2017, levou o prêmio para casa novamente em 2018.
Artilheira absoluta da CBF, contabiliza 118 gols pelo Brasil, 17 deles só em Copas do Mundo, ultrapassando Miroslav Klose e se tornando a maior goleadora da competição.
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