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Emicida no Roda Viva: "'Trepadeira' não era um manifesto de como percebo as mulheres"

Rapper diz que aprendeu com o que aconteceu, mas afirma que repercussão negativa da música traz consigo uma conotação racista


27/07/2020 23h00

Em entrevista ao Roda Viva desta segunda-feira (27), o rapper Emicida comentou sobre o papel das mulheres no atual cenário do hip hop. Durante sua fala, o artista foi questionado se sua atuação – de trazer cada vez mais vozes femininas em suas composições – não era uma revisão de postura em relação a anos anteriores. O ponto central do questionamento foi, mais uma vez, a música 'Trepadeira', faixa do álbum O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, lançado em 2013.

Na música, o trecho ‘merece uma surra, de espada de São Jorge’ foi alvo de muitas polêmicas na época e o assunto foi mais uma vez trazido para discussão durante a entrevista, desta vez, apontado como uma contradição do artista.

"Eu acho que 'Trepadeira' não era um manifesto de como eu percebo as mulheres. Esse é um ponto muito interessante do lugar onde a gente vê. Porque, por exemplo, antes dessa música, a gente tem a Remixtape, em que a gente traz algumas artistas mulheres para remixar algumas das músicas e fazer outras versões, mas isso não foi visto pela militância. A gente está falando de um disco, em que a maior parte das participações são femininas", ressaltou o rapper.
Emicida também faz uma reflexão sobre raça ao longo de sua resposta. Para ele, a repercussão negativa da música traz consigo uma conotação racista. “Eu acho que pegaram uma parte de um estereótipo que se tem a respeito de um cara preto e de um cara do rap, que é esse lugar primitivo”, disse.

O artista também faz uma comparação entre 'Trepadeira' e a música 'Mulheres de Atenas', de Chico Buarque, e como as duas tem percepções diferentes.

“Quando Chico Buarque canta Mulheres de Atenas, não é essa a provocação que acontece, todo mundo faz uma reflexão de como se fosse uma crítica ao machismo, e como ele faz uma referência ao sistema patriarcal. Ele canta que ‘elas vivem pelos seus maridos, orgulho e raça de Atenas’, mas essa frase, pelo perfil do Chico, tanto em fenótipo, quanto em perfil econômico, ela é entendida como uma crítica intelectual a essa estrutura”, questionou Emicida.

No entanto, o rapper também entende que aquele momento foi de muito aprendizado. "Eu não acho que isso foi um demérito, acho que isso gerou uma provocação muito importante para mim, de pensar e ajudar a ver um monte de coisa que, não é que eu não visse, mas que eu não dava a atenção que tinha que ter", completa.

Apresentado pela jornalista Vera Magalhães, o Roda Viva vai ao ar às 22h, na TV Cultura, no site da emissora, no canal do YouTube e nas redes sociais Twitter, Facebook, e Linkedin.

Assista à íntegra de Emicida no Roda Viva:

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