"Não vou vender camiseta a R$ 9,90 para colocar uma mulher ganhando um salário de miséria", diz Emicida
O cantor esteve no Roda Viva e falou sobre a importância de valorizar funcionários ao conduzir um empreendimento
27/07/2020 23h50
Em entrevista ao Roda Viva, o rapper Emicida, ao ser questionado pela apresentadora Vera Magalhães sobre os preços das peças de roupas do Laboratório Fantasma, marca administrada pelo cantor, disse não ligar para as críticas e reafirmou seu compromisso para com seus empregados.
"Eu conheço a cadeia produtiva com a qual eu trabalho, eu sei quanto ganha uma costureira, por exemplo. Eu não vou vender uma camiseta a R$ 9,90 para colocar uma mulher ganhando um salário de miséria", afirmou o rapper.
Emicida trouxe à tona o racismo presente nas críticas que recebe, e deu como exemplo quando recebeu o prêmio Men of The Year, da “GQ”. “Eu vou de terno numa festa de gala e os caras saem espalhando que o Emicida está usando um terno de R$ 15 mil. Aí todo mundo acha que isso é uma grande contradição, porque eu estou usando uma roupa chique, num evento chique. E ninguém nem consegue perceber o quão racista é dizer algo como isso”, desabafa.
Para ele, quem tem que ser questionado sobre os preços das coisas são as pessoas que conduzem a cadeia de produção de forma irresponsável, mantendo, inclusive, trabalhadores em sistemas de produção análogos a escravidão, o que não é o caso do Laboratório Fantasma. “A gente não se relaciona com isso, todas as pessoas que se vinculam ao Laboratório Fantasma, seja em qualquer função, elas usufruem dessa conquista. Por isso que no nosso desfile de moda, as costureiras estão na primeira fila, chorando emocionadas, porque elas nunca tinham experimentado costurar uma roupa e poder assistir aquilo ser lançado”, ressalta.
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