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Em meio a protestos contra e a favor, menina de 10 anos que engravidou após estupro passa por aborto legal

Mesmo com a autorização da Justiça, religiosos se reuniram em frente a um hospital de Recife para tentar impedir o procedimento. Segundo relato, a criança foi estuprada entre os seis aos dez anos de idade pelo tio, que segue foragido


17/08/2020 12h22

Em meio a protestos, a menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio passou por um aborto legal, após autorização do juiz Antonio Moreira Fernandes, da Vara de Infância e da Juventude de São Mateus, no Espírito Santo. Nas redes sociais, a ativista Monica Benicio afirmou que, segundo primeiras informações, a garota passa bem.

No último dia 7 de agosto, a menina deu entrada no Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, com mal-estar e dores abdominais. De acordo com os médicos, a criança estava com a barriga inchada e, após realização de exames, foi constatado que a menina estava grávida de 22 semanas. A criança relatou que foi estuprada pelo tio, de 33 anos, entre os seis aos dez anos de idade. O acusado foi indiciado por estupro de vulnerável e ameaça, mas está foragido.

Mesmo com a decisão de Fernandes, que afirmou ser "legítimo e legal o aborto acima de 20-22 semanas nos casos de gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal", dois hospitais no Espírito Santo se recusaram a realizar o aborto, afirmando que a gravidez estava em estágio avançado.

A criança foi transferida para um hospital em Recife, capital de Pernambuco, nesse domingo (16), para passar pelo procedimento. Segundo a lei, o voo até o estado deveria ser feito sob sigilo; no entanto, a militante de extrema-direita Sara Fernanda Giromini, conhecida como Sara Winter, divulgou ontem, nas redes sociais, o nome da criança e o endereço do hospital em que ela estava internada. No post, a militante bolsonarista ainda pediu que seus seguidores "colocassem os joelhos no chão" e rezassem. 

Seguindo a orientação, um grupo composto por fundamentalistas e parlamentares evangélicos se reuniu em frente ao hospital onde o procedimento seria feito, para protestar contra o aborto. Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o momento em que os cristãos fizeram uma roda de oração e gritaram "assassino" para o médico responsável pela interrupção.

O grupo ainda tentou invadir o hospital, mas foi impedido pela Polícia Militar e por Integrantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco, que se mobilizaram para protestar a favor da decisão da Justiça. "Gravidez forçada é tortura. Gravidez aos dez anos é morte. É por isso que a gente vai dizer e vai repetir: aborto legal, seguro e gratuito para não morrer, pela vida das meninas e das mulheres", manifestou o grupo. 

O Ministério Público agora apura se pessoas ligadas a grupos políticos tentaram pressionar a avó da criança para impedir que o aborto acontecesse. De acordo com as assistentes sociais que atenderam o caso, a menina afirmou que desejava interromper a gravidez e que entrava em desespero quando tocavam no assunto.

"A vontade da criança é soberana ainda que se trate de incapaz, tendo a mesma declarado que não deseja dar seguimento à gravidez fruto de ato de extrema violência que sofreu", afirmou o juiz na decisão que permitiu que a menina interrompesse a gravidez. 

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