A notícia de que o Magazine Luiza e a Bayer abriram programas de trainee exclusivamente para negros chamou mais uma vez a atenção da sociedade para a desigualdade de oportunidades no mercado de trabalho. Pesquisa da Vagas.com mostra que os negros ocupam apenas 0,7% dos cargos de direção dentro das empresas.

O próprio Magazine Luiza se mostrou espantando quando olhou para dentro de seu próprio quadro de funcionários. Hoje, 53% dos funcionários do Magalu são pretos e pardos. Mas apenas 16% deles ocupam cargos de liderança.

Como é a distribuição de cargos por raça? O levantamento do Vagas.com mostra que os negros também são minoria em outras posições mais bem remuneradas. Eles ocupam 8,9% dos cargos de nível pleno, percentual que sobe para 13% entre brancos.

Em cargos de alta e média gestão, os negros ocupam 8,3% dos postos. Nas posições de gerência, os negros são apenas 3,4% dos contratados. Os negros só são maioria frente às demais raças em posições operacionais (47,6%) e técnicas (11,4%).

“São dados extremamente alarmantes e que comprovam a clara presença do racismo no mercado de trabalho”, diz Renan Batistela, integrante do comitê de diversidade & inclusão da Vagas.com. “Há um racismo estrutural e velado, que acaba prejudicando a justa inserção da população negra no mercado de trabalho.”

Quando questionados sobre a formação acadêmica, 47,8% dos negros responderam ter ensino superior, enquanto entre os brancos esse percentual subia para 55%.  “Essa discrepância fica ainda mais notória quando analisamos o nível de graduação de todas as raças, comprovando que há uma clara distinção de oportunidades para os negros”, afirma Renan.

E os salários? Mesmo com o mesmo nível de estudo, negros recebem menos que brancos. Estudo conduzido por pesquisadores do Insper mostra que homens brancos recebem mais que mulheres brancas, homens negros e mulheres negras.