Em 2020, mais de 40 mil candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador mudaram a raça em relação à autodeclaração que fizeram nas eleições de 2016.

Segundo os especialistas, as mudanças podem ocorrer por três hipóteses. A primeira, seria o aumento de identificação e consciência da cor da pele; a segunda, possíveis erros no preenchimento; e a terceira engloba os casos de fraude. Nesse último, acontece a chamada afroconveniência. O termo representa os momentos em que uma pessoa branca tenta se passar por negra para receber um benefício.

O Supremo Tribunal Federal estabeleceu, neste mês, que a adoção da cota financeira para candidatos negros é válida para as eleições de 2020. Com isso, os partidos devem repartir a verba do fundo eleitoral e o tempo de propaganda no rádio e na TV de acordo com a proporção dos candidatos negros e brancos, o que faz com que os candidatos que fraudam a própria raça aproveitem dos recursos de campanha.

"As denúncias que nós observamos ocorreram em todas as partes do Brasil", diz o pesquisador de Educação Antirracista do Instituto Federal do Mato Grosso, Lucas Café.

Falta de representatividade negra na política

A pesar de mais da metade da população brasileira ser negra, o Brasil conta com muito mais representantes brancos na política.

Na opinião de alguns pesquisadores, as cotas obrigatórias representam um avanço para o aumento da candidatura de pessoas negras. "Efetivamente, incentivar a candidatura de pessoas negras e que elas possam receber recursos que até então lhe seriam negados em um parâmetro que foi considerado pelo STF de injustiça material", diz Roberta Maia Gresta, coordenadora da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político.

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