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"Foi tão impactante que acabou precipitando minha aposentadoria", diz Elvira Lobato, vítima de assédio judicial

Jornalista foi alvo de 111 ações judiciais por reportagens sobre a Igreja Universal; ela relatou a experiência em debate promovido pela TV Cultura


17/12/2020 20h10

Em debate promovido pela TV Cultura nesta quinta (17) sobre a prática de assédio judicial, a jornalista Elvira Lobato relatou sua experiência com o tema. Elvira foi alvo de 111 ações judiciais após publicar reportagens a respeito da Igreja Universal do Reino de Deus no jornal Folha de São Paulo. Para ela, a organização religiosa "saiu vitoriosa" embora tenha perdido nos tribunais: "Por vários anos ela calou o único veículo que fazia uma cobertura sistemática da igreja sob o ângulo dos negócios", afirma. 

Vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo, Lobato acompanhou em diversas reportagens a expansão das empresas ligadas à Igreja Universal entre 1994 e 2007. 

"Quando as ações começaram, para nossa completa surpresa, eu me senti sem condição de continuar cobrindo a Igreja Universal do Reino de Deus. Não que houvesse alguma ordem judicial, mas porque eu achava que havia perdido a coisa mais importante que um jornalista deve ter: a imparcialidade, a isenção. Se havia 111 ações contra mim, eu não era mais imparcial nos assuntos da igreja. Com isso, ela me neutralizou completamente", conta. 

"Foi tão impactante para mim, tão doloroso esse processo, que isso acabou precipitando a minha aposentadoria", afirma a jornalista. O desgaste é a característica principal da prática de assédio judicial: trata-se do uso indevido do Poder Judiciário para perseguir e intimidar profissionais e veículos de comunicação na tentativa de causar transtornos pessoais e financeiros às vítimas.

Elvira destaca, ainda, que as análises das ações judiciais não apontaram irregularidades ou inconsistências em seu trabalho jornalístico, mas serviram apenas como ferramenta de intimidação e gastos para o veículo. "Eu tinha feito o trabalho correto jornalisticamente. No entanto, aquilo não me protegeu. [...] A verdade é um escudo protetor do repórter, do jornalismo. Eu me vi numa situação em que o escudo estava trincado", reflete. 

Mediado por Leão Serva, diretor de Jornalismo da TV Cultura, o debate teve participação também do jurista Francisco Rezek, ministro aposentado do STF, do coordenador do Observatório de Liberdade de Imprensa da OAB, Pierpaolo Cruz Bottini e da advogada Taís Gasparian.

Assista à íntegra do debate virtual promovido pela TV Cultura:

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