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Pandemia foi "lente de aumento" para casos de depressão, afirma psicóloga

Especialistas falam sobre a doença e como a situação atual do planeta agravou o problema


27/01/2021 16h00

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, atualmente, 5% da população mundial (cerca de 330 milhões de pessoas) conviva com a depressão. O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da Covid-19, que trouxe danos à saúde mental de inúmeras pessoas, tanto pelo medo do novo coronavírus quanto pelas suas consequências na sociedade. “A pandemia foi uma lente de aumento no que já estava acontecendo com a saúde mental da população”, diz Érika Almeida, psicóloga, neuropsicóloga e responsável técnica do Grupo Reinserir.

Para a médica de Família e residente de Psiquiatria, Bianca Dermendjian, o isolamento social trouxe medo, ansiedade, preocupação, frustração, tédio, preocupação e dificuldades financeiras. Isso, aliado à diminuição da atividade física, piora nos hábitos alimentares e redução da exposição solar, “pode ter contribuído para o aumento de casos de depressão.”

Cerca de 12 milhões de pessoas têm depressão no Brasil. Para Maria Aparecida Barreto, psicóloga clínica, psicoterapeuta e professora de Suicidiologia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), o aumento dos casos é nítido. “Com certeza houve aumento dos casos de depressão, percebemos isso pelo aumento da procura pelo atendimento clínico na psiquiatria e na psicoterapia.”

O aumento dos casos fez com que muitos procurassem ajuda de profissionais e entendessem o que é a doença e como tratá-la. Segundo Rodrigo Tognareli, psicólogo, pós-graduado em Terapia Cognitiva, analista em Psicossomática e Constelador Sistêmico, “os sintomas pegam as áreas do pensar, sentir e agir, sendo os principais a tristeza profunda, falta de vontade, energia reduzida, cansaço constante, alterações no apetite e sono, dificuldade de concentração e atenção.” Bianca completa com “sensação de tristeza, vazio, desesperança”, mas afirma que os sintomas podem variar, e que é importante comparar como a pessoa era e como está no momento, pois a mudança é que norteará o diagnóstico e o planejamento terapêutico.

Maria defende que “a melhor maneira de tratar a pessoa depressiva, é em primeiro lugar ajudá-la a entender que não está bem e que necessita de ajuda”. Logo, o primeiro passo é a compreensão da doença. Após a procura de um profissional da área e do diagnóstico, o paciente pode “ter ações que possam ajudar a se restabelecer e prevenir nova crise, como por exemplo, exercício físico, que o ajudará a produzir serotonina e outros hormônios necessários, como também a meditação”.

“A empatia é extremamente necessária. Por vezes, acontecem comparativos com a intenção de fazer a pessoa perceber uma outra ótica, porém, isso pode fazer com que se sinta ainda mais diminuída”, de acordo com Erika. Ela também defende que se ouça mais do que fale e que se faça disponível. Um dos grandes problemas é que a pandemia, além de levar a um aumento de casos, dificulta o tratamento, uma vez que algumas recomendações são evitadas, como o incentivo a atividades sociais e de lazer fora do ambiente domiciliar.”

Muitas pessoas negligenciam a doença, alegando que estão apenas tristes. Assim como algumas pessoas que estão tristes se dizem depressivas. Para os psicólogos, saber diferenciar a doença do sentimento de tristeza é fundamental. Tognareli descreve a tristeza como “um sentimento comum, natural, e momentâneo”. Já a depressão, de acordo com Bianca, “tem um curso mais crônico, menos oscilante, possivelmente incapacitante e mais intenso do que a tristeza momentânea”.

De acordo com Erika, “estar próximo de pessoas, fazer manutenção nas relações, estar atento à alimentação, exercícios e sono, reconhecer os problemas e tentar resolvê-los se tiver a possibilidade” são hábitos que podem ajudar na prevenção da doença. Para Bianca, essa conduta “se aplica em nossas vidas e se estende para as pessoas à nossa volta, quando nos cuidamos, inspiramos os outros a se cuidarem também.”

A depressão é uma doença psicológica que pode ser desenvolvida por qualquer tipo de pessoa, independente da cor, condição financeira, sexo, gênero ou idade, e não precisa, necessariamente, ter um motivo. Caso se identifique com os sintomas ou conheça alguém, procure ajuda profissional.

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