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Home office e síndrome de burnout: especialistas explicam a relação

Novo modelo de trabalho tem causado o esgotamento profissional


03/02/2021 11h00

O home office é uma tendência desencadeada pela pandemia da Covid-19. O medo de contágio da doença e a necessidade de corte de gastos, fizeram com que muitas empresas aderissem ao novo modelo de trabalho. No entanto, apesar de brilhar os olhos ter a comodidade de trabalhar em casa, essa modalidade tem gerado grandes problemas para os funcionários.

Quando se trabalha em casa, dificilmente os horários são respeitados. É comum o caso de pessoas que fazem hora extra porque têm trabalho acumulado e que, por estarem em casa, se sentem na obrigação de terminar aquela demanda. Sem falar nas chamadas de vídeo inoportunas ou nas ligações fora de hora. Ao longo do tempo, todos esses detalhes resultam no esgotamento profissional, também conhecido como síndrome de burnout.

É o que diz a analista de recursos humanos, Sara Midiã (27). "Se o funcionário não tiver um limite nas atividades, um limite no dia a dia, acaba desenvolvendo a síndrome de burnout sim".

"A síndrome de burnout é o nome dado para identificar um desgaste que prejudica aspectos físicos, mentais e emocionais da pessoa, levando a um esgotamento que impede seu bom desempenho profissional", explica o psicólogo, Márcio Jordano Pinto (52).

Segundo Márcio, com a possibilidade de o posto de trabalho ser transferido para casa das pessoas é fácil se instalar uma confusão nos limites de casa e trabalho, pois esses se misturam em suas tarefas e horários, podendo em alguns casos resultar em sério agravante para sobrecarga na rotina do indivíduo. Esse é o ambiente ideal para promover a síndrome.

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Sintomas da síndrome de burnout:

De acordo com o psicólogo, o burnout é conhecido por causar a sensação de esgotamento profissional. Para detectar o desenvolvimento desse transtorno, há alguns sintomas aparentes que a pessoa pode apresentar:

- Exaustão física, mental e emocional que podem se estender às atividades fora do trabalho;

- Falta de motivação e interesse inclusive por atividades que lhe davam prazer;

- Aumento do sentimento de frustração e pensamentos pessimistas;

- Cinismo – sensação de que seu trabalho é algo inútil e não contribui para alcançar os objetivos;

- Ansiedade – preocupação excessiva com sua produção inclusive nas horas de lazer;

- Diminuição das habilidades cognitivas (capacidade de resolução de problemas) com presença de esquecimentos e dificuldades de lembrar das coisas;

- Aumento de conflitos nas relações interpessoais no ambiente de trabalho e fora dele;

- Surgimento ou potencialização de hábitos não saudáveis como uso de bebidas, cigarros e outras drogas incluindo a automedicação, alimentação desregrada para mais ou para menos, sedentarismo, insônia etc.

    Por serem, em sua maioria, sinais comportamentais, as pessoas possuem uma resistência em levar o diagnóstico da síndrome a sério. Sendo assim, Márcio alerta para o agravamento do transtorno. "Por se tratar de um evento de longa duração, problemas como depressão, cardiopatias, doenças gastrointestinais, infecções decorrentes da diminuição da imunidade podem ocorrer se a síndrome de burnout não for tratada".

    Possíveis tratamentos:

    Para Márcio, algumas mudanças na rotina são necessárias para que o burnout seja superado, como por exemplo, reduzir as demandas de trabalho. Ao desacelerar um pouco, é possível identificar a fonte do problema, encontrando qual ou quais tarefas estão lhe sobrecarregando, seja porque a demanda está excessiva ou porque vai contra suas características e habilidades pessoais.

    O psicólogo afirma ainda a importância de reconhecer que o problema existe e que algo precisa ser feito em prol de sua saúde e bem estar.

    "É importante que a pessoa que esteja sofrendo com a síndrome se sinta acolhida e livre de julgamentos, para que possa suportar esse momento. Dessa forma, a ajuda de um profissional pode ser de grande valia nesse processo", completa o psicólogo.

    Márcio também recomenda reconectar-se com atividades que trazem relaxamento, prazer e satisfação, como hobbies, esportes e convívio com pessoas amadas.

    Já a analista de RH, sugere alternativas práticas que podem ajudar a impor o limite ultrapassado pelo burnout, como manter o controle da jornada de trabalho.

    Para isso, "bater o ponto, ter o acesso ao sistema bloqueado nos intervalos e registrar o horário de trabalho, tanto entrada, como descanso e saída, mesmo estando em home office, são medidas fundamentais para controlar o tempo de trabalho e manter o limite com a vida pessoal", finaliza Sara.

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