Fundação Padre Anchieta

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Hoje, 11 de fevereiro, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. A data, definida em 2015 durante Assembleia Geral promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), é um marco para a defesa da igualdade de gênero no meio científico. O intuito é prestigiar figuras femininas que tiveram papel fundamental no desenvolvimento da área, bem como encorajar outras mulheres e meninas a seguirem carreira nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Dados de um estudo realizado pela UNESCO indicam que mulheres ocupam apenas 28% das posições de pesquisa no mundo. Quando se trata de cargos mais elevados, a lacuna entre os gêneros chega a ser ainda maior no meio científico. No Brasil, por outro lado, os números se mostram mais animadores. Conforme levantamento feito pelo Open Box da Ciência, as mulheres representam 40,3% dos cientistas que declararam, até o ano passado, ter doutorado na Plataforma Lattes, base de dados sobre estudantes e pesquisadores do país mantido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Mesmo assim, a porcentagem está longe de ser igualitária entre os gêneros. Entidades apontam que mulheres não só têm menos acesso a redes de estudo e investimentos, mas também, ao se inserirem no campo científico, precisam lidar com outros obstáculos ao longo da carreira. Por vezes, seus feitos são minimizados ou até negligenciados, o que acaba por impedi-las de alcançar cargos de liderança. Dessa forma, o incentivo ao aprendizado das ciências exatas desde a educação básica e a criação de projetos que estimulem o desenvolvimento científico e tecnológico nas escolas são algumas das soluções defendidas por órgãos internacionais para reverter essa histórica desvantagem.

Apesar do ambiente marcado pela exclusão e desvalorização feminina, no Brasil, muitas mulheres quebraram barreiras e se destacaram nacional e internacionalmente na área da ciência. Conheça a seguir a trajetória e as descobertas de cinco pesquisadoras brasileiras que revolucionaram o mundo científico. A lista contempla personagens pioneiras no ramo e profissionais que, hoje, atuam no combate à pandemia do novo coronavírus.


Johanna Döbereiner

Nascida em 1924 na antiga Tchecoslováquia, graduou-se no curso de Agronomia na Universidade de Munique aos 26 anos, por influência do pai, que era químico. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, casou-se e veio com o marido ao Brasil, onde se naturalizou em 1956. Pouco depois de chegar ao país, foi contratada para trabalhar no Laboratório de Microbiologia de Solos do Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas do Ministério da Agricultura (SNPA), o qual posteriormente se tornaria o EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Uma das pesquisadoras perfiladas no livro “Pioneiras da Ciência no Brasil” (2006), constatou, na década de 70, a ocorrência de uma associação entre bactérias do gênero Spirillum e gramíneas em solos tropicais. A descoberta de que o microorganismo fixava o nitrogênio na planta e, por isso, dispensava a necessidade de adubos químicos foi decisiva para aumentar o potencial agrícola do país. O estudo contribuiu para a expansão das plantações de soja e do cultivo da cana de açúcar em terras brasileiras.

O trabalho de Johanna com as bactérias também levou o Brasil a melhorar, a um custo mais baixo e com menos poluição do meio ambiente, a produção de diversas leguminosas, o que rendeu a ela a indicação ao prêmio Nobel de Química em 1997.


Nise da Silveira

Filha de um professor de matemática e de uma pianista, foi admitida na Faculdade de Medicina da Bahia com apenas 16 anos, em 1921, e tornou-se a primeira mulher a se graduar no curso de Saúde da instituição. Maceioense, começou a trabalhar com psiquiatria, interessada em novos métodos para tratar a esquizofrenia. Chegou a ser presa nos anos 1930, período de agitação política no país, por conta de suas ideias, tidas pelo governo como alinhadas ao comunismo.

Após receber anistia e ser reintegrada ao serviço público, foi responsável pela criação de uma seção de terapia ocupacional no Centro Psiquiátrico Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. Ficou reconhecida internacionalmente por seu trabalho pioneiro de pesquisa sobre o tratamento da doença mental através da arte-terapia. Em 1952, fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, onde reuniu toda a produção artística de seus pacientes, entre eles Arthur Bispo do Rosário, cujo trabalho teve prestígio dentro e fora do país.


Ruth Sonntag Nussenzweig

Nasceu no ano de 1928 em Viena, na Áustria, e emigrou para o Brasil ainda criança. Iniciou sua formação científica no Departamento de Parasitologia da Universidade de São Paulo (USP), onde entrou para o curso de Medicina em 1948. Durante anos, trabalhou na pesquisa sobre a transmissão e prevenção da doença de Chagas, ganhando destaque ao demonstrar que a patologia pode ser adquirida por transfusão sanguínea e que a adição de violeta de genciana ao sangue infectado previne sua propagação.

No fim da década de 50, fez pós-doutorado em Bioquímica na França e, de volta ao Brasil em 1964, concluiu seu doutorado pela USP. Conquistou notoriedade internacional com seus estudos no campo da Parasitologia e de Doenças Tropicais, sobretudo quando suas descobertas relacionadas à prevenção da malária foram publicadas na revista britânica “Nature”, em 1967. Por seus trabalhos, foi condecorada com a Ordem Nacional do Mérito Científico classe Grã-Cruz em 1998 e, hoje, é pesquisadora do Departamento de Patologia da Universidade de Nova York.


Ester Sabino

Com experiência nos estudos de DNA dos vírus da dengue, zika e chikungunya, coordenou o grupo brasileiro de pesquisadoras do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade de São Paulo (USP), o qual realizou, no início de 2020, o sequenciamento genético do novo coronavírus em apenas 48 horas, considerado um tempo recorde pela comunidade científica.

O trabalho de sua equipe não só levou à identificação da origem das primeiras contaminações no Brasil, mas também foi essencial para a descoberta da forma de transmissão do vírus no país, além de coletar dados sobre potenciais mutações genéticas do Sars-CoV-2 e os caminhos percorridos por ele, contribuindo para rastreabilidade da doença.

Ana Paula Fernandes

Professora e pesquisadora do Centro de Tecnologia em Vacinas e Diagnósticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entrou para a luta contra o novo coronavírus já em janeiro, quando ainda não havia casos oficiais no Brasil. Formada em biologia e especializada em biologia molecular de diagnósticos e vacinas, foi responsável pela criação de um diagnóstico sorológico para detecção da Covid-19 totalmente nacional.

Além de estar envolvida em estudos de reconhecimento do novo coronavírus, tem papel fundamental em pesquisas para possibilitar a realização de testes clínicos de vacinas nacionais e em análises sobre a geração de anticorpos e o mapeamento das mutações do vírus.

Assista à reportagem sobre o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência que foi ao ar nesta quinta (11) no Jornal da Tarde: