Por que há casos de pessoas que pegam Covid-19 no intervalo entre as doses das vacinas?
Em entrevista ao site da TV Cultura, o epidemiologista José Geraldo Leite explica essa situação
19/03/2021 15h30
O surgimento da Covid-19 pegou todos de surpresa e cada conquista em seu combate, é também uma novidade. Recentemente, algumas pessoas que conseguiram tomar a primeira dose da vacina foram infectadas no intervalo para receber a segunda dose. Muitas delas são famosos que tiveram o caso divulgado na mídia.
O mais recente foi o cantor Agnaldo Timóteo (84), que foi internado com Covid-19, na última quarta-feira (17), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Casa São Bernardo, no Rio de Janeiro. Os médicos acreditam que ele tenha se contaminado entre a primeira e a segunda dose da vacina.
No dia 20 de fevereiro, o humorista Carlos Alberto de Nóbrega (84), apresentador do programa “A Praça é Nossa”, do SBT, também foi internado com Covid-19, ao apresentar sintomas da doença depois de tomar a primeira dose do imunizante. Ele foi encaminhado para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Felizmente, Nóbrega teve alta no dia 2 de março.
Outro caso nessa situação foi o da primeira enfermeira da Bahia a ser vacinada contra o novo coronavírus. Maria Angélica de Carvalho Sobrinho (53) recebeu a dose inicial da CoronaVac no dia 19 de janeiro, mas contraiu a doença três dias antes da segunda aplicação, agendada para 16 de fevereiro. Maria se recuperou e passa bem.
Em contato com o Ministério da Saúde sobre os estudos de efetividade e segurança das vacinas contra a Covid-19, foi informado que a Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI) está realizando o cruzamento dos bancos de dados em relação ao registro de casos nessa situação.
"O MS ainda não tem essas informações e assim que elas estiverem disponíveis, serão divulgadas", informa a pasta.
Para esclarecer esses casos, o site da TV Cultura conversou com José Geraldo Leite, epidemiologista do Grupo Pardini.
José explica que logo após a primeira dose ainda não há proteção para doença, a eficácia das vacinas é legitimada após a segunda dose. “No caso da Coronavac, a proteção plena ocorre cerca de 15 dias após a segunda dose. Já a de Oxford, a partir de 21 dias da primeira dose.”
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Ele relata que, pela vacinação ocorrer em plena pandemia, é provável e natural que haja a contaminação mesmo após a imunização.
“Por isso que reforçamos que as medidas de segurança, como uso de máscara e distanciamento social, devem ser mantidas independente da vacinação e para todas as pessoas, aquelas que já tomaram e as que ainda não”, explica.
Com a circulação das variantes, a situação se complica ainda mais, porque elas são mais infecciosas e algumas delas permitem até a reinfecção do vírus, por essa razão, o epidemiologista reforça a importância dos protocolos de segurança. “Independente de ter tomado a segunda dose, deve-se manter os cuidados de afastamento social e uso de máscaras neste momento”, finaliza
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