Pesquisadores da UFMG desenvolvem teste rápido para identificação de variantes da Covid-19
Modelo apresenta resultados em cerca de quatro horas e custa 10% a menos do que o tipo RT-PCR
19/03/2021 16h27
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais desenvolveram um método mais rápido e barato para realizar a identificação de novas cepas do novo coronavírus. O modelo da UFMG detecta a presença da Covid-19 em até quatro horas e por 10% do valor dos testes convencionais tipo RT-PCR, que custam cerca de R$600 cada e demoram dias para ficarem prontos.
No mundo todo, já foram mapeadas diversas variantes do vírus, três delas têm recebido mais atenção dos cientistas, a britânica, a sul africana e a brasileira, identificada em Manaus. Cada uma possui características de transmissibilidade, defesa contra vacinas e letalidade diferentes. Justamente por isso o mapeamento é tão importante.
"O que a gente fez com esse novo teste foi viabilizar que a pesquisa de novas variantes seja feita por qualquer laboratório de diagnóstico. A gente desenvolveu uma nova metodologia que não identifica novas variantes, mas rastreia elas em grande escala” comenta o pesquisador da UFMG Renato Santana.
Em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde e laboratórios privados, a universidade vai aplicar o teste em pelo menos mil pessoas em todo o estado. Acontecem reuniões com o governo federal para levar o procedimento a todas as capitais, ampliando o público para cerca de cinco mil pessoas.
Leia Também: Por que há casos de pessoas que pegam Covid-19 no intervalo entre as doses das vacinas?
O problema é que ao aumentar a escala desses procedimentos, pesquisadores ainda esbarram em entraves. De acordo com Renato, todos os reagentes que são utilizados no diagnóstico da Covid-19 são importados, o que faz com que o processo possa ser atrasado pela falta de material.
“O mercado, não só no Brasil, mas no mundo todo, está tendo uma demanda muito grande. A gente está tendo um atraso grande na chegada dos insumos e dos reagentes que são necessários”, relata.
Para o epidemiologista da UNESP Carlos Magno Fortaleza, os testes são necessários, mas ainda é preciso melhorar a capacidade de detecção.
"O que precisamos fazer são testes como esse, de aplicação em larga escala, isso é extremamente necessário. Mas também é preciso que, em escala menor, continuemos fazendo o sequenciamento e a leitura completa do material genético do vírus. Isso permite que se identifiquem rapidamente novas variantes que possam ocorrer", explica.
Assista à matéria sobre o tema que foi ao ar esta sexta-feira (19) no Jornal da Tarde.
REDES SOCIAIS