Após ameaças, João Doria anuncia que vai se mudar para sede do governo
"Regredimos a tempos obscuros", afirmou o governador de São Paulo em nota; ele citou ataques e manifestações na porta de sua residência
29/03/2021 19h35
O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta segunda (29) que deve se mudar para o Palácio dos Bandeirantes por segurança. Em nota, o governador afirmou que vai residir na sede do governo temporariamente devido a ameaças, ataques e manifestações organizadas na porta de sua residência.
"O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária", escreveu Doria.
Segundo o governador, as manifestações das quais é alvo incomodam a vizinhança e ameaçam a segurança de sua família. "Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça", prossegue a nota.
Leia a nota do governador paulista na íntegra:
O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária.
Tenho enfrentado os seguidores dessa seita com inquéritos policiais e ações judiciais, com medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão.
O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos. Diante do radicalismo, decidi me mudar para o Palácio dos Bandeirantes. Ao menos, temporariamente.
Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça.
Vivi esse mesmo sentimento quando acompanhei meu pai no exílio, um democrata cassado pela ditadura. Dessa vez, no entanto, não haverá exílio, nem ditadura. Haverá ciência, vacinas, vidas salvas e democracia.
Meu desprezo por estes extremistas que ameaçam a mim, a minha família e ameaçam pessoas que defendem a vida. É uma decisão difícil, mas necessária nesse momento de muita intolerância ao pensamento contraditório, de belicismo verborrágico e de cegueira ideológica.
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