Fundação Padre Anchieta

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As expectativas no início de 2021, há somente três meses, eram boas para a bolsa e para o real. A maior parte dos analistas acreditava que o Ibovespa, impulsionado pelo investimento estrangeiro, continuaria subindo, e que o dólar finalmente começaria a perder valor em relação à moeda brasileira.

Mas a realidade se impôs. A forte alta nos casos de coronavírus no Brasil, em meio ao ritmo lento de vacinação e à demora para a definição do Orçamento de 2021, elevaram o risco fiscal, assustando o mercado. No cenário político, a perda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro e seus conflitos com outros poderes, além da volta à cena do ex-presidente Lula, que se tornou novamente elegível, adicionou ainda mais incerteza a esse cenário.

Em março, em meio à troca de ministérios por Bolsonaro e a recuperação no exterior, a bolsa se recuperou, mas não o suficiente para impedir o Ibovespa de fechar o trimestre com queda de 2%, a 116.633 pontos. O dólar acumulou alta de 8,49% no período, a R$ 5,62.

“No início do ano, as expectativas eram que as pautas econômicas prosperassem, ainda mais após o governo conseguir eleger seus indicados para as presidências da Câmara e do Senado”, lembra Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. “Não havia previsão de uma segunda onda no Brasil, e estávamos preparados até para enfrentar um cronograma mais lento de vacinação, mas não esse cenário, de esgotamento de UTIs”.

Após três meses, o Brasil ainda discute o Orçamento de 2021 –o teto foi aprovado com emendas que furam (e muito) o teto de gastos–, Bolsonaro interferiu na Petrobras, trocando seu presidente, e o país já ultrapassou os 320 mil mortos pela pandemia.

“Basicamente, o país mostrou uma inércia muito grande na condução da pandemia, e a consequência foi a explosão no número de casos e mortes por covid-19”, resume André Querne, sócio da Rio Gestão de Recursos. “O atraso na aquisição de vacinas levou a situação da pandemia para níveis dramáticos”.

Empresas ligadas à commodities subiram

Dados do boletim Focus, pesquisa semanal do BC com analistas, ajudam a entender como o pessimismo foi se disseminando pelo mercado. Na primeira edição do ano, a expectativa era de alta de 3,34% na inflação, crescimento de 3,41% da atividade e dólar a R$ 5 em dezembro.

Esse quadro mudou bastante: hoje, as projeções são de um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 4,8%, alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,18% e a moeda americana a R$ 5,33 no final de 2021.

O agravamento da pandemia fez com que o Brasil fosse na contramão de países desenvolvidos, em especial a China e os EUA, cuja retomada fez subir os preços dos produtos básicos em países emergentes. “A combinação do mundo voltando a crescer, com uma demanda pujante da Ásia e dos Estados Unidos, e o dólar subindo impactou o preço das commodities de forma relevante. Isso acabou se refletindo em uma inflação muito mais alta do que a esperada”, aponta Sérgio Zanini, sócio e gestor da Galapagos Capital.

Isso fez com as empresas fortemente ligadas às exportações se destacassem no primeiro trimestre. O Índice de Materiais Básicos foi o que teve maior valorização no período, com alta de mais de 17% no ano até agora. Na outra ponta, o início do processo de aumento de juros pelo BC fez o IMOB, índice imobiliário, que representa incorporadoras, cair 8,29%.

“A performance de exportadores de commodities foi o que conseguiu salvar o índice em alguma medida”, aponta Romero Oliveira, chefe de renda variável da Valor Investimentos. “Vale, mineradoras como um todo, frigoríferos acabaram performando bem por causa da retomada de países desenvolvidos, que será mais forte com o avanço da vacinação, e por causa do dólar alto, que para essas empresas é positivo”.

Ritmo de vacinação vai ditar 2º tri

Parte dos analistas apostam em uma recuperação no segundo trimestre, outra parte acredita que bolsa e real só começam a melhorar mesmo a partir do segundo semestre. O consenso, entretanto, é que tudo vai depender do ritmo de vacinação e também das perspectivas fiscais.

“Expectativas de forte aceleração na vacinação a partir de abril e maio geram uma boa tendência de retomada da economia para o segundo semestre do ano”, afirma Querne, da Rio Gestão de Recursos.

Esse cenário vale também para o andamento na agenda de reformas e o compromisso que será demonstrado com a disciplina nas contas públicas.  “O real foi a segunda moeda emergente que mais se depreciou nesse início de ano. Só não foi pior que a Turquia, onde o presidente trocou o comando do Banco Central”, aponta Cristiane Quartarolli, economista do banco Ouroinvest. “A pandemia, somada com o quadro fiscal, deve prevalecer no mercado e contribuir para o real se manter pressionado no segundo trimestre”.