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Conheça Aretha Duarte, montanhista que quer ser a primeira brasileira negra a escalar o Everest

Natural de Campinas (SP), a atleta recolheu lixo reciclável para bancar sonho de conquistar o ponto mais alto do mundo


05/04/2021 23h10

Com ajuda da reciclagem, a montanhista Aretha Duarte se prepara para fazer história: ela quer se tornar a primeira brasileira negra a conquistar o Monte Everest, ponto mais alto do planeta, com 8.848 metros. 25 brasileiros, dos quais apenas cinco eram mulheres, conseguiram chegar ao topo da montanha.

A atleta e empreendedora social, que cresceu na periferia de Campinas (SP), começou a recolher lixo reciclável ainda durante a infância. Formada em Educação Física, ela se tornou a primeira pessoa de sua família com ensino superior e descobriu a paixão pelo montanhismo.

Aretha se tornou instrutora do esporte e conquistou quatro vezes o Aconcágua, ponto mais alto das Américas, mas seu projeto pessoal era de ir ainda mais longe. Em entrevista ao Jornal da Cultura diretamente do Nepal, ela conta que o material reciclável foi fundamental para financiar o sonho de chegar ao Everest, uma missão que custa cerca de R$224 mil. "O primeiro passo e o esqueleto do projeto pra eu alcançar essa realização foi catar latinhas, foi catar materiais recicláveis. Juntamos 130 mil kg de material reciclável. Foram aproximadamente 500 kg de recicláveis por dia", conta. 

A jornada deve durar 60 dias. Primeiro, Aretha seguirá a pé até o campo base, que fica a 5.300 metros de altitude: nove dias de caminhada. De lá, atravessa para os campos altos. Além da distância, é preciso ir e voltar para se adaptar à altitude e à temperatura, que pode atingir -25ºC. No último trecho da escalada, já em maio, serão 11 horas de caminhada do campo 4 ate o topo da montanha.

"Quando a gente planeja escalar o Everest, a gente precisa ter cumprido passos básicos de preparação: condicionamento físico, conhecimento de escalada em rocha, conhecer escalada em gelo e ter passado por montanhas acima de 7 mil metros de altitude", explica. "Digamos que o cume nunca é garantido. Nós temos uma série de variáveis que precisam ser avaliadas, mas o que estou fazendo aqui é realmente desfrutar cada momento".

"Uma experiência como essa, que para mim é maravilhosa, por que não surgir para todo mundo? Por que somente alguns grupos têm direito?", questiona. "Isso demonstra uma estrutura inadequada e tem a ver sim com uma estrutura racial, porque a gente sabe que a maioria dos negros estão nas periferias, nas favelas, por conta de um movimento histórico", completa. 

Assista à reportagem do Jornal da Cultura:

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