"Lockdown absoluto é a cloroquina da esquerda", afirma Pondé no Linhas Cruzadas
Criticado por comparar defesa do isolamento a remédios ineficazes, o filósofo diz que "falta sociologia" a quem propõe fechamento sem considerar fatores socioeconômicos do país
15/04/2021 19h00
Alvo de críticas nas redes sociais por comparar o lockdown à cloroquina em uma coluna no jornal Folha de S. Paulo, o filósofo Luiz Felipe Pondé também abordou o assunto no Linhas Cruzadas desta quinta (15). O programa vai ao ar às 22h na TV Cultura, site da emissora e YouTube.
Questionado sobre o posicionamento associado aos chamados "idiotas da pandemia" em pauta no programa, Pondé afirma que muito do negacionismo da Covid-19 está ligado ao campo ideológico da direita, mas não todo: "A gente pode identificar na discussão da pandemia o que poderia chamar de um 'idiota da pandemia de esquerda', assumindo que esses outros idiotas estão à direita porque estão associados ao Bolsonaro, é alguém que acha que você tem condições sociológicas e econômicas para colocar o país inteiro por 30 dias fechado num lockdown".
Assista ao trecho:
"Reconhecer a impossibilidade de estabelecer um lockdown absoluto, análogo ao que países como Islândia, Nova Zelândia e outros fizeram, não é achar que o Bolsonaro tem razão. Bolsonaro nunca tem razão", prossegue Pondé.
Embora o fechamento total das atividades seja "ideal do ponto de vista epidemiológico" segundo o filósofo, ele critica quem defende lockdown sem citar outras medidas associadas. "O problema é que a esses idiotas que veem o lockdown absoluto como a direita vê a cloroquina, como uma espécie de 'cloroquina da esquerda', falta sociologia, ciência política, economia e história para perceber que o Brasil é um país que tem uma infraestrutura - e foi piorado pelo governo Bolsonaro ao longo do ano, sem dúvida nenhuma - com uma situação em que você não consegue fechar o país como fecha a Dinamarca ou qualquer país menor, mais rico e homogêneo", afirma.
Pondé reforça que sua crítica é direcionada a propostas de combate à pandemia 'absolutas e abstratas', isto é, que não levam em consideração as condições socioeconômicas do país: "Como você vai garantir o lockdown em uma cidade como São Paulo? Como você vai multar em R$500 uma pessoa na rua se ela está rezando para ganhar R$250 de auxílio emergencial? Falta sociologia. Por isso eu estava dizendo: o lockdown absoluto é a cloroquina da esquerda".
Assista à integra:
Exibido às quintas, Linhas Cruzadas é parte da faixa de jornalismo da TV Cultura que traz uma atração diferente para cada dia da semana após o Jornal da Cultura. Sob o comando de Luiz Felipe Pondé e Thaís Oyama, o debate semanal vai ao ar sempre às 22h.
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