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Pandemia mudou utilização dos coworkings – saiba o que o setor prevê para o futuro do trabalho

Como vários outros setores, os coworkings sofreu um golpe forte logo no início da pandemia.


17/04/2021 11h35

Como vários outros setores, os coworkings sofreu um golpe forte logo no início da pandemia. Mas já no segundo semestre de 2020 o setor não só se reergueu como ganhou um novo público: as empresas tradicionais.

Grandes companhias que antes nem cogitavam flexibilizar o modelo de trabalho se desfizeram dos escritórios particulares e passaram a ver vantagens no modelo flexível dos coworkings. Para saber como o setor tem lidado com essas mudanças, o 6 Minutos conversou com líderes das três maiores redes atuantes no país — WeWork, GoWork e IWG (Spaces e Regus).

Qual foi o impacto dos primeiros meses de pandemia? Com o baque inicial da pandemia, o setor de coworkings, que vinha de um crescimento anual de 25%, se deparou com um cenário de incertezas. De acordo com um levantamento do Coworking Brasil, 23 espaços precisaram fechar as portas no país.

As grandes redes não enfrentaram um risco tão alto, mas os primeiros meses também foram difíceis para elas. “A gente viu a demanda cair quase 50% entre março e abril”, disse Tiago Alves, CEO do IWG no Brasil.

Houve perdas de portfólio e os coworkings precisaram contar com seus modelos mais flexíveis de contrato para manter os clientes.

“A pauta era ‘home office’. Os pequenos empreendedores conseguiram se segurar um mês e meio e no segundo mês começaram a fazer devolução de estações de trabalho. Depois, as empresas maiores também começaram a pedir redução na quantidade de estações. Na época, a gente perdeu quase 30% do nosso parque”, afirma Fernando Bottura, fundador e CEO da GoWork.

E a recuperação, quando veio? A virada do setor veio entre os meses de setembro e outubro. A procura chegou a superar até os números do pré-pandemia. “A gente fechou o segundo semestre com 30% de alta em relação a 2019”, comemora Alves.

Além da volta dos pequenos empreendedores, o que impulsionou a retomada foi a procura das empresas de médio e grande porte. Em geral, elas haviam cortado os altos aluguéis dos escritórios convencionais e estavam interessadas nas soluções dos coworkings para estabelecer um modelo híbrido, com dias de home office e dias de escritório.

“Com esse tipo de demanda, em novembro a gente já voltou a ter a ocupação de antes da pandemia. Hoje, eu tenho dois prédios, somando 14 mil estações de trabalho, em cotação, esperando um direcionamento de para onde vai o mercado”, diz Bottura.

O portfólio de clientes continua o mesmo? “As empresas maiores passaram a nos procurar mais. Muitas empresas que antes eram avessas a um modelo de trabalho híbrido foram convencidas de seus benefícios durante a pandemia”, declarou Lucas Mendes, diretor geral da WeWork no Brasil.

Os dados globais da organização indicam que o segmento enterprise (companhias com mais de 500 funcionários) representou mais de 50% da receita da WeWork no segundo e terceiro trimestres de 2020. As empresas foram 54% do total de membros no terceiro trimestre de 2020, o que representa um aumento de 48% em relação ao trimestre anterior e 43% em relação a 2019.

Quais são as novas demandas? “Muitas empresas começaram a alugar o escritório por jornada, podendo determinar por exemplo se o funcionário terá acesso ao espaço duas vezes por semana. Esse é um modelo que o escritório convencional não consegue entregar”, explica Tiago Alves.

Outra mudança destacada por Alves é a diminuição da busca por escritórios centrais. Agora, as empresas estão preferindo alugar postos próximos às casas de cada funcionário e não mais concentrá-los em uma só unidade do coworking.

Já no GoWork, está sendo observado também um aumento na utilização dos espaços comuns e áreas livres, como aponta Bottura. “A demanda pelas nossas salas de reunião baixou em 40%. Hoje você sai pelos lounges externos e encontra equipes inteiras com um flip chart, fazendo reunião ao ar livre”.

Houve iniciativas para atender essas necessidades? A WeWork lançou dois produtos nos Estados Unidos que aumentam a flexibilidade na locação de espaços. Eles estão com chegada prevista ao Brasil nos próximos meses.

O primeiro é uma associação mensal que permite aos clientes reservar espaços de trabalho durante o horário comercial em qualquer unidade da WeWork ao redor do mundo. O segundo consiste em um sistema por meio do aplicativo que permite a reserva dos espaços de trabalho por dia de uso ou das salas das reunião por hora. “Nós já testamos essa iniciativa em formato piloto no aeroporto do Galeão, no Rio, e os resultados foram ótimos”, afirma Mendes.

Já a IWG, lançou logo no início da pandemia um produto que funciona como benefício empresarial. É uma espécie de “vale-escritório” que permite ao funcionário trabalhar de qualquer unidade da rede.

O que esperar de 2021? Neste primeiro trimestre, a GoWork  registrou um aumento de 300% na procura pelos produtos do coworking, com mais de 30 mil estações de trabalho em cotação.

Para 2021, a empresa prevê um crescimento de 100% nos 12meses subsequentes à mudança para a fase verde em São Paulo. Para isso, a companhia planeja investir R$ 20 milhões e ampliar sua operação em 25 mil m² de área construída na capital paulista, onde concentra sua atuação.

Já a IWG, detentora do Regus e do Spaces, segue em busca de oportunidades de expansão no Brasil e traz para 2021 também a opção de franquias. “Já estamos soltando a circular de oferta para o mercado, exatamente porque os proprietários que ficaram com os prédios vazios estão buscando reinventar o seu negócio”, afirma Alves.

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