Notícias

Mais de 200 cientistas assinam carta de apoio ao povo brasileiro e contra gestão de Bolsonaro

No texto, pesquisadores acentuam os ataques à ciência e os cortes de verba para pesquisas científicas


20/04/2021 09h41

Mais de 200 cientistas de todo o mundo, incluindo três vencedores do Prêmio Nobel, assinaram uma carta em apoio ao povo brasileiro e contra a gestão da pandemia do governo Bolsonaro. O documento foi publicada em 7 de abril.

Glenda Andrade, doutoranda na Universidade Paris 8, com especialidade em migrações, tomou a iniciativa de redigir o documento.

Leia também: Brasil registra 1.607 mortes pela Covid-19 em 24 horas e chega a 375 mil óbitos

O texto afirma que se o coronavírus afeta todos os países do mundo, a amplitude da catástrofe sanitária que acomete o Brasil não pode ser dissociada da "gestão desastrosa" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A carta ainda defende que o presidente deve ser responsabilizado pela condução da crise sanitária no Brasil, que além de causar milhares de mortes, acentuou as desigualdades no país.

A carta lembra dos ataques à ciência feitos pelo presidente, ao criticar o isolamento social, defender o uso de cloroquina e faz referência ao corte de verba para as pesquisas científicas em todo país.

Entre os 200 pesquisadores que assinaram o documento, estão os ganhadores do Nobel de Medicina de 2019 e 2020 Michel Mayor e Charles Rice, e do Nobel de Física de 2019, Peter Ratcliffe.

Leia abaixo a íntegra da nota:

"Terça-feira, 6 de abril de 2021: o Brasil contabilizou 4.195 mortes ligadas à Covid-19. Ao todo, mais de 340 mil brasileiros já morreram desde o começo da pandemia. Se o coronavirus atinge todos os países do mundo, a amplitude da crise sanitária no Brasil não pode ser dissociada da gestão catastrófica do presidente Jair Bolsonaro. Ele deve ser denunciado por suas ações, que não apenas fez explodir o número de vítimas, mas acentuou a desigualdade no país.

Em várias ocasiões, o presidente da república do Brasil qualificou a Covid-19 como “uma gripezinha”, minimizando a gravidade da doença. Criticou as medidas preventivas, como o isolamento físico e a utilização de máscaras, e provocou inúmeras vezes aglomerações populares. Defendeu pessoalmente o uso da cloroquina, apesar de cientistas terem advertido sobre os efeitos tóxicos de sua utilização. Os pesquisadores que publicaram estudos científicos demonstrando que a utilização do medicamento aumentava o risco de morte de pacientes com Covid foram ameaçados no Brasil. Bolsonaro igualmente desencorajou a vacinação, chegando a sugerir, por exemplo, que as pessoas poderiam se transformar em “jacaré”. Entre o negacionismo, a proliferação de informações falsas e os ataques contra a ciência em plena crise sanitária, Bolsonaro mudou quatro vezes de ministro da Saúde.

A ciência no Brasil está sob fogo cruzado. De um lado, cortes orçamentários que golpeiam a pesquisa e ameaçam o trabalho de cientistas; de outro, a instrumentalização da ciência para fins eleitorais, como mostram as declarações do presidente. Não é possível esquecer também os ataques de Bolsonaro ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), num contexto alarmante de altos níveis de desmatamento na Amazônia.

Negando a ciência, Bolsonaro não apenas atinge a comunidade científica, mas a sociedade brasileira em sua totalidade. Os números da devastação desde o início da pandemia só faz aumentar; de acordo com os dados da Fiocruz, quase 92 novas cepas de coronavirus foram identificadas, transformando o país numa verdadeira usina de variantes, e a estas estatísticas deve-se acrescentar os impactos sobre o meio-ambiente, sobre povos tradicionais da Amazônia e sobre o clima em todo o mundo.

Neste contexto de crise sanitária, agravamento da desigualdade e mudança climática, este tipo de comportamento é inaceitável e o presidente deve ser responsabilizado por seus atos. Estamos preocupados com o agravamento da crise no Brasil e os ataques à ciência. Nesta carta aberta, queremos manifestar nossa solidariedade com nossos colegas no Brasil, cuja liberdade está ameaçada. Manifestamos igualmente nossa solidariedade com a população brasileira, que vem sendo diariamente afetada por esta política destruidora."



ÚLTIMAS DO FUTEBOL

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Secretaria de Saúde de SP dá dicas para evitar intoxicação infantil durante as férias

EUA receberam informações de plano iraniano para assassinar Donald Trump; Irã nega

Aeroporto de Porto Alegre será reaberto em outubro, diz ministro

Militares custam 16 vezes mais à União do que aposentados do INSS, revela TCU

Concurso TSE Unificado: calendário das provas é alterado; veja mudanças