Com a pandemia da Covid-19, crianças, pré-adolescentes e adolescentes tiveram que adaptar a rotina escolar e a vida social para dentro de casa. O distanciamento social fez com que a casa, ou até mesmo o quarto, se transformassem no "mundo seguro e confortável” para esses jovens.
O isolamento transformou a possibilidade de uma vida fora de casa e de se relacionar com outras pessoas em algo potencialmente assustador. Essa resistência e ansiedade em sair de casa pode ser chamada de síndrome da gaiola.
Quezia Bombonatto, da Associação Brasileira de Psicopedagogia, explica a relação da gaiola comparando esses jovens com o pássaro: “O passarinho está ali dentro, ele ficou condicionado a ficar na gaiola e não quer voar”.
Na prática, ela afirma que as crianças e adolescentes com a síndrome apresentam ansiedade extrema com a volta das aulas presenciais por medo de contrair o vírus e até mesmo de levá-lo para casa.
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A síndrome da gaiola não se trata de um transtorno que demanda medicamentos para tratar, mas pode evoluir para depressão. Por isso, os pais e responsáveis devem estar atentos e conversar com esse jovem.
Para o psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP) Guilherme Polanczyk, a conversa é essencial nesse momento. “Como qualquer situação em que há uma dificuldade de adaptação, isso precisa ser conversado. Os pais precisam estar sempre muito atentos ao comportamento dos filhos nessa situação e em qualquer outra”, completou.
Um estudo feito por pesquisadores de 20 universidades americanas com crianças e adolescentes de 9 a 18 anos dos Estados Unidos, Peru e Holanda apontou que os sintomas de depressão aumentaram 28% durante a pandemia. A pesquisa reforça a importância de políticas públicas voltadas para a saúde mental nesse momento de volta às aulas.
Veja a reportagem completa do Jornal da Tarde desta sexta-feira (30):
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