"Sem liberdade para conduzir o ministério, optei por deixar o cargo”, diz Teich
Ex-ministro da Saúde depõe nesta quarta-feira (5) na CPI da Covid
05/05/2021 12h25
O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, de 63 anos, depõe nesta quarta-feira (5) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O oncologista ficou apenas 28 dias no comando da pasta, entre 17 de abril e 15 de maio do ano passado. Ele deixou o cargo após divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre políticas a serem adotadas contra o novo coronavírus.
Teich é ouvido na condição de testemunha, quando há o compromisso de dizer a verdade sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho.
Ele explica que deixou o cargo pela falta de liberdade em conduzir o ministério de acordo com suas convicções. “As razões da minha saída do ministério são públicas, elas se devem basicamente a constatação de que eu não teria autonomia e liderança que imaginava indispensáveis ao exercício do cargo".
Teich conta que essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19. "Existia um entendimento diferente por parte do presidente, que era amparado por outros profissionais".
"O pedido [de demissão] específico foi por causa do pedido de ampliação do uso da cloroquina. Era um problema pontual, mas isso refletia numa falta de liderança", completa o ex-ministro.
Em relação à cloroquina, Teich diz que não ficou sabendo da produção do medicamento pelo Exército e que nunca foi consultado sobre a distribuição. "É uma conduta que pra mim, tecnicamente, era inadequada [a implementação da cloroquina]. Isso é para qualquer medicamento. Existe uma metodologia para você incorporar um medicamento", afirma.
Teich relata que também não sabia da distribuição de cloroquina para a população indígena. "Se aconteceu a distribuição sem eu saber, pode ter acontecido, mas nunca sob minha orientação, porque a minha orientação era contrária".
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