Fundação Padre Anchieta

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A pandemia criou o ambiente perfeito para o aumento de casos de Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional. Isolados dentro de casa, trabalhadores passaram a ser cobrados a manter a mesma produtividade que tinham antes no escritório. Para dar conta de todas as demandas, muitos estenderam a jornada de trabalho. O excesso de serviço desequilibrou os limites entre vida pessoal e profissional, que são tão importantes para a saúde mental.

Para piorar esse cenário, a pandemia aumentou o desemprego e reduziu a renda do brasileiro, aumentando a preocupação das pessoas com seu futuro profissional. O distanciamento dos chefes também aumentou a insegurança sobre a satisfação com as entregas realizadas.

“A pandemia criou uma situação diferente de tudo que as pessoas já viveram. Os processos de trabalho mudaram e os funcionários ficaram muito preocupados em provar para os gestores que estão conseguindo manter a performance”, diz Ana Paula Tognotti, psicóloga da plataforma de terapias Zenklub.

Não é à toa que as menções à Síndrome de Burnout aumentaram 42% nas sessões de terapia online no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, segundo a Zenklub. A Fhinck, plataforma de people analytics utilizada por empresas para mapear dados sobre funcionários, mediu um aumento de 12% na jornada média de trabalho.

A preocupação com a manutenção do emprego gera um círculo que empurra o profissional para a Síndrome de Burnout: ele passa a trabalhar mais, fica mais esgotado e, por fim, rende cada vez menos, já que está doente. “Para mostrar para o chefe que está segurando o rojão, a pessoa passa a trabalhar mais. Junta-se a isso o medo enorme de ser mandado embora em um momento de crise sem precedentes e sem perspectiva de melhora”, afirma Ana Paula.

Segundo ela, as pessoas com Síndrome de Burnout costumam passar por três fases:

1. Aumento brusco de produtividade

“Se a pessoa está trabalhando muito mais que oito horas diárias, isso é um sinal de alerta. Ela está empregando mais tempo no trabalho e menos em outras coisas que fazia antes”, afirma a psicóloga.

2. Surgimento de fatores ansiosos

“A pessoa começa a perceber alguns sintomas no corpo. Está trabalhando e, do nada, tem taquicardia. Outros sintomas comuns são falta de ar, dores musculares frequentes, dor de cabeça, insônia, mudança na alimentação, pensamento acelerado”, diz Ana Paula. “Como ela está extremamente sobrecarregada e tem sintomas ansiosos, e isso se prolonga por um período maior, a pessoa entra na terceira fase.”

3. Exaustão total

“Como o ambiente de trabalho e o comportamento não mudaram, a pessoa fica cada vez mais exausta. Ela se cansa do ambiente estressor, tem a sensação de que já fez de tudo para contornar a exaustão, mas nada deu certo e desiste de reagir. Essa fase se caracteriza pelo aumento do número de faltas no trabalho, descumprimento de prazos de entrega, mudanças de comportamento”, diz Ana Paula.

A psicóloga afirma que é comum que aumente a irritabilidade, dentro e fora e do trabalho. “O pavio fica mais curto, a pessoa perde a paciência e responde com rispidez a todos.”

Por que o distanciamento físico potencializa os riscos?

Por conta do distanciamento físico, ficou ainda mais difícil para os gestores identificarem um funcionário com Síndrome de Burnout. “Antes, havia o contato físico, o funcionário estava ali do lado, dava para perceber por meio de alguns sinais que algo não ia bem. Hoje, por mais que se façam videochamadas, não dá para saber se a pessoa está bem ou não só pelo contato digital”, afirma Erika Moraes, especialista em recrutamento da Roberto Half.

Por isso, muitas empresas contratam empresas especializadas em analisar o padrão de trabalho dos colaboradores, caso da Fhinck. “O nosso algoritmo usa a inteligência artificial para identificar variáveis que aumentam o ritmo de Burnout, como ritmo de trabalho, quantidade de reuniões diárias, a sequência de reuniões. Porque se a pessoa sai de uma reunião e entra em outra, o cérebro não descansa, isso é ruim para a saúde mental do colaborador”, afirma Paulo Castello, CEO da Fhinck.

Segundo ele, a ferramenta que eles utilizam mostrou que as pessoas aumentaram a jornada de trabalho, e que muitas não param nem para almoçar. “Tem muita gente fazendo reunião ou trabalhando na hora do almoço. Elas comem enquanto trabalham. Isso aumenta não só o risco de Burnout como o trabalhista [da empresa sofrer uma ação depois]”, diz Castello.

Burnout é doença do trabalho

A Síndrome de Burnout já é reconhecida como doença do trabalho, com direito ao afastamento das atividades. “É o estresse crônico resultado do cansaço físico e emocional decorrentes do trabalho”, afirma Claudia Abdul Ahad Securato, advogada trabalhista e sócia do Oliveira, Vale, Securato & Abdul Ahad Advogado.

Uma vez que o funcionário consiga reconhecer que está com Síndrome de Burnout, ele tem direito ao afastamento do trabalho por no mínimo 15 dias. “Ao retornar ao serviço, ele tem uma estabilidade no emprego de um ano”, diz Claudia.

O que as empresas estão fazendo para prevenir isso?

Dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho mostram que a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais e comportamentais atingiu o número recorde de 576,6 mil casos em 2020, um avanço de 26% em relação a 2019.

Esse aumento no número de afastamentos acendeu o sinal de alerta dentro das empresas. “Existe uma preocupação genuína por parte das empresas com a saúde mental de seus colaboradores”, afirma Erika, da Robert Half.

Muitas empresas, incluindo a própria Robert Half, já ofereciam programas de saúde para seus funcionários. “O que aconteceu é que esses programas foram intensificados. Algumas companhias criaram programas de ginástica laboral online, outras passaram a oferecer acompanhamento psicológico online para os colaboradores e seus parentes além do que já está previsto no plano de saúde. Está se investindo muito em prevenção para que as pessoas não se cheguem ao Burnout”, afirma Erika.