Eles são grandões, custam caro e ocupam mais espaço na garagem. Mesmo assim, ter um SUV (sigla para veículo utilitário esportivo) entrou na lista de desejos do consumidor brasileiro. Quase 40% dos brasileiros que têm carro e pretendem trocar de veículo em 2021 é porque desejam ter um SUV, segundo pesquisa da Webmotors.
O alcance desse sonho pode ser medido em números. De janeiro a abril deste ano foram emplacados 202.932 SUVs no país, um aumento de 51% em relação a igual período do ano passado.
Para dar uma ideia, os SUVs lideravam hoje o ranking de emplacamentos de carros, um dado que serve como indicador de vendas, com 38,42% de participação. Em abril do ano passado, eles estavam em segundo lugar (27,4%), perdendo apenas para os hatches pequenos.
O segmento de SUV apareceu no Brasil no início dos anos 2000, com a entrada da Ecosport – que, contrariando todas as expectativas, teve ótimos resultados.
Por que o SUV caiu no gosto do brasileiro? Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, diz que a preferência pelos SUVs está crescendo há alguns anos no Brasil e no exterior.
“O principal atrativo é a versatilidade dos SUVs. É um carro que atende os objetivos dos clientes tanto para a cidade como para uma aventura no final de semana. Desde 2017, o SUV vem muito como um símbolo de status, dá uma sensação de que a pessoa chegou lá”, afirma o gerente de marketing de produto da Jeep, Carlos Lins.
O modelo também dá uma falsa sensação de segurança. Segundo Garbossa, os motoristas de SUVs tendem a achar que estão menos sujeitos a acidentes já que o carro é maior e mais alto do que outras carrocerias.
Para Milad Kalume, consultor da Jato Dynamics, a praticidade também tem sua parcela de responsabilidade para o sucesso da carroceria.
“O SUV é um carro basicamente familiar, que você tem espaço no porta-malas, costuma ser grande e confortável e ainda traz um apelo esportivo”, afirma Kalume.
O que as montadoras ganham com isso? “O que agrada o consumidor é o que vende. Quanto tempo vai durar a preferência pelo SUV, não sei. Vai durar o tempo que o consumidor achar que é bonito”, afirma Garbossa.
O especialista diz que em momentos normais, em que não há falta de componentes para a produção de carros, a tendência é que sobrem veículos nos pátios das montadoras. Por isso, a aposta precisa ser sempre certeira, para aumentar a margem de lucro.
“As montadoras pensam ‘por que vou gastar dinheiro e tempo se não tenho venda no final? Estão sempre otimizando recursos e focando em lançamentos que atraiam mais o consumidor”, afirma Kalume.
Além de buscarem os produtos que vendem mais, o SUV tem uma grande vantagem: já são inicialmente mais caros dos que os modelos hatch. Para as montadoras, os brasileiros gostarem dos SUVs é o melhor dos mundos. “O ticket médio dos SUVs é maior, o que é um atrativo para as montadoras, já que dá uma rentabilidade maior em comparação às peruas, por exemplo, modelo mais próximo”, afirma Kalume.
Segundo um levantamento feito por Kalume, um Fiat Mobi é vendido por R$ 44.371. Já um Tiggo 2, um dos mais baratos entre os SUVs, sai por R$ 68.690.
Quais os modelos de SUVs preferidos? Em abril deste ano, os modelos mais emplacados foram Renegade (Jeep), Tracker (GM), Creta (Hyundai), Compassa (Jeep) e T Cross (Volkswagen) – os cinco carros juntos corresponderam a mais da metade (53,49%) dos emplacamentos de SUVs no mês. Os dados são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Qual o perfil do comprador do SUV? Kalume diz que o segmento era nichado para mulheres, mas hoje está mais pulverizado. “Hoje existem modelos SUV que para todos os níveis e para todos os gostos”, afirma. Lins diz que 95% dos compradores de SUV da marca têm mais de 30 anos.
O mercado pode crescer ainda mais? Sim. “Ano a ano vêm diminuindo as ofertas de versões do mesmo carro. Até a década de 1990, todos os carros tinham uma derivação de perua, um segmento que vem se extinguindo. Então existe uma grande margem de crescimento para os SUVs”, afirma Kalume.
“Estão chegando cada vez mais modelos no mercado e a oferta de produtos também ajuda o mercado a crescer. É um segmento que está com muitas novidades, cada vez mais disputado e pegando o espaço de outros carros: os sedans e hatches estão caindo, por exemplo”, afirma Lins.
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