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Veja tudo sobre o depoimento de Ernesto Araújo à CPI da Covid nesta terça (18)

Sétimo dia de depoimento na comissão, teve momentos tensos e esclarecimentos sobre vacinas, cloroquina e declarações do ex-chanceler


18/05/2021 21h14

Nesta terça-feira (18) a CPI da Covid ouviu o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Ele foi questionado sobre a atuação do Itamaraty na negociação para a aquisição de vacinas e sobre declarações dele e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que poderiam ter atrapalhado a importação de imunizantes e insumos.

Quando foi indagado sobre a responsabilidade da pasta no atraso da compra de vacinas contra a Covid-19, Araújo declarou que não via influência dele próprio na situação. “Nada que (eu) tenha feito pode ser correlacionado com percalços no recebimento de insumos”, disse.

Um artigo com o título “Chegou o Comunavírus”, publicado no blog pessoal do ex-ministro, causou discussão com o presidente da Comissão Omar Aziz (PSD). O senador se irritou quando o depoente disse que não havia feito nenhuma declaração “anti-China”. O Brasil depende do país para adquirir insumos para a produção da CoronaVac.

Na minha análise, Vossa Excelência está faltando com a verdade, então eu peço que não faça isso. Vossa Excelência acha que isso não é se dispor com país em que nós temos uma relação comercial muito importante? Então eu não entendo mais como é que se faz relações internacionais”, disse o presidente da comissão.

Assista ao trecho:

O ex-ministro do Itamaraty disse que não se referia ao novo coronavírus no artigo, mas sim ao avanço de um comunismo cultural no mundo. Nas palavras de Ernesto Araújo, “jamais promovi nenhum atrito com a China, seja antes, seja durante a pandemia”.

Itamaraty apoiou a importação de Cloroquina

O ex-membro do governo Bolsonaro confirmou que o Ministério das Relações Exteriores, ao lado do Ministério da Saúde, apoiou a importação de cloroquina vinda dos Estados Unidos. "Houve busca por cloroquina. Em função de um pedido do Ministério da Saúde, procuramos viabilizar insumos para hidroxicloroquina. É um remédio para doenças crônicas. É necessário que tenha seu estoque preservado e esse estoque havia baixado" declarou Araújo.

Adesão ao Covax Facility

Outro ponto bastante abordado pelo relator da CPI Renan Calheiros (MDB) foi a adesão do país ao consórcio Covax Facility, programa da OMS (Organização Mundial da Saúde) que ajuda a distribuição de imunizantes para países com menos poder aquisitivo.

O Brasil tem um acordo com o consórcio para receber 42,5 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. A quantidade é suficiente para imunizar 10% da população. No entanto, o país poderia ter garantido doses suficientes para contemplar 50% dela.

Ernesto Araújo comunicou que a decisão de firmar um contrato com 40% a menos de doses do que o país poderia receber foi do Ministério da Saúde, chefiado à época por Eduardo Pazuello. O ex-ministro da saúde depõe à CPI nesta quarta-feira (19).

Troca de mensagens com embaixador da Índia contra o isolamento social

Araújo admitiu que trocou mensagens com o embaixador da Índia com teor de crítica ao isolamento social e em defesa da economia. “Naquele momento, em março, havia expectativa de que haveria eficácia da cloroquina para tratamento. Houve corrida pelos insumos. Lembrando que a hidroxicloroquina é usada para doenças crônicas e seu estoque havia baixado”, declarou.

Fala de Kátia Abreu

Um dos momentos mais tensos da sessão foi quando a senadora do PP pediu a palavra. Ela se referiu ao ex-ministro como “negacionista compulsivo”, “omisso” e disse que ele tinha uma “memória seletiva, para não dizer uma leviana” por não se lembrar de detalhes técnicos enquanto fazia parte do governo.

Ao citar declarações de Araújo no Fórum Econômico Mundial e em uma aula magna no Instituto Rio Branco, em que disse que tinha orgulho de ser considerado um “pária” a senadora disse, "O senhor criticou a nossa proximidade com a China, com a Europa, com os BRICS e com os países da América Latina. O senhor de fato é um homem muito ousado, muito corajoso. Em algum momento o senhor se lembrou que estava lançando ao mar todo o trabalho de anos da diplomacia brasileira?”

A senadora criticou o alinhamento de Ernesto ao governo de Donald Trump, dizendo que, “nós não somos amigos dos presidentes, nós somos amigos das nações”. Ela voltou a citar o artigo escrito por ele “Chegou o Comunavírus” e disse que o texto não ajudava na importação de vacinas e insumos.

“Muitas pessoas dizem 'que bajulação à China'. Eu quero bajular qualquer país que tiver para o meu povo brasileiro, para o meu povo do Tocantins que me elegeu, qualquer um que tiver vacina, eu sou capaz de deitar no chão e deixar que pise em cima de mim, pra que tragam vacina”, disse.

A parlamentar completou dizendo ao ex-ministro, “O senhor no MRE foi uma bússola que nos direcionou para o caos, para um iceberg, para um naufrágio. Bússola que nos levou para o naufrágio da política internacional”.

Assista ao trecho:


Carta da Pfizer

Ao ser questionado pelo vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (REDE), sobre tratativas de vacinas com a Pfizer, Araújo afirmou que não encaminhou a Jair Bolsonaro a carta na qual a Pfizer oferecia negociação de imunizantes. Nas palavras do ex-chanceler, “presumia que o presidente da República já soubesse da carta”.

Flavio Bolsonaro defende Ernesto Araújo

O senador e filho do presidente Flavio Bolsonaro (Republicanos) defendeu Ernesto Araújo em seu momento de fala.

“O que acontece de bom na política externa, acontece apesar do Ernesto, o que acontece de ruim, é culpa do senhor. Então, não leve a mal algumas pessoas que falam sobre sua política”, disse o senador.

Bolsonaro criticou os veículos de imprensa e agradeceu à internet e meios de comunicação alternativos por desmentirem, com dados, “a narrativa que tenta imputar a culpa no governo federal e no presidente Bolsonaro”.

O filho do presidente disse que a frase do pai sobre a “gripezinha”, quando se referiu à Covid-19, foi tirada de contexto. De acordo com o senador, a frase do presidente se referia a ele próprio somente.

Assista ao trecho:

Crise em Manaus

Sobre o colapso em Manaus (AM) no começo do ano, o ex-chanceler confirmou que não fez contato com o governo venezuelano nem para pedir ajuda, nem para agradecer o envio de oxigênio para o Amazonas.

Assista ao trecho:

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