Uma pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou problemas nas coberturas jornalísticas sobre o sistema prisional. O estudo feito em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa indicaram que 74% das fontes eram da acusação.
Ao todo, foram analisadas 474 notícias de 63 jornais entre 2017 e 2018. Em 25% delas não havia menção às fontes de informações. 681 sentenças judiciais também foram analisadas no mesmo período. Os resultados obtidos pela pesquisa foram apresentados no seminário promovido pelo CNJ nesta sexta-feira (21). De acordo com os pesquisadores, as notícias compunham-se de baixo índice de abordagem analítica e proposição.
Segundo Flávia Rahal, presidente do conselho deliberativo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa, “O tempo da justiça e da resposta que a justiça dá ao fato criminoso levado a ela, sempre foi muito mais lento, e é assim que deve ser do que aquele, daquela pressão que a imprensa recebe para responder rapidamente e indicar o culpado de um fato que foi tornado público"
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Para Antonio Faiçal, juiz do tribunal de justiça, a mídia tem responsabilidade sobre a compreensão da população sobre o ocorrido. “O que torna muitas vezes um crime desse mais bárbaro, digamos um homicídio, um crime de calor popular, é propriamente a atuação da imprensa, porque se eu não tivesse atuado para divulgar massivamente aquele fato, talvez pouquíssimas pessoas dele tomassem conhecimento”
Para os autores do estudo, a importância da discussão sobre a interação entre mídia e justiça criminal, vem da influência nas decisões de juízes e promotores. Termos técnicos regados de preconceito expressam a prevalência da narrativa policial nas notícias.
“Se era cidadão de uma comunidade pobre, se era negro, e estava lá naquela comunidade, naquele momento, é porque é bandido e mereceu morrer. Da mesma forma, o outro preconceito também existe, é um preconceito que também diz que toda polícia é bandida, toda polícia é miliciana, toda polícia quer o mal do pobre e não é assim. Ocorre com muito mais frequência o preconceito contra pessoas pobres da comunidade do que o preconceito contra policiais.” diz o jornalista, Leonardo Sakamoto.
Veja a reportagem completa na edição desta sexta-feira (21) do Jornal Da Tarde:
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