Araraquara, cidade no interior de São Paulo que virou modelo no combate ao novo coronavirus ao adotar um lockdown rigoroso no início de 2021, voltou a ter alta no número de diagnósticos da doença. A média móvel de casos subiu 235% em apenas um mês.

A prefeitura emitiu um alerta máximo e pode voltar a fechar as atividades não-essenciais. Na cidade, o lockdown é decretado quando o índice de testes positivos para Covid-19 chega a 20% do total realizado, ou quando há registro de alta de 30% de pessoas sintomáticas por três dias seguidos. Esses índices foram ultrapassados esta semana.

Foram 281 novos casos nas últimas 24 horas, 22,9% dos testes feitos nesse período (1223) deram positivo. O percentual de sintomáticos está em 29,65% e
87% dos leitos de UTI estão ocupados.

Em fevereiro, Araraquara chegou a ter 100% de ocupação dos leitos de UTI. O número de mortos nos primeiros 19 dias do mês dobrou em relação à janeiro. A cidade decretou lockdown, o mais radical feito desde o início da pandemia no país e dois meses depois a média móvel do número de novos casos caiu 74%.

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"Nós não podemos manter o lockdown indefinidamente. As pessoas relaxam nas regras de prevenção da doença, que é, principalmente, o uso correto da mascaras. Mas principalmente, o que a gente tem enfrentado muito são as confraternizações", relata Eliana Mori Honain, secretária de Saúde do município.

Para os especialistas, o aumento do número de casos era só uma questão de tempo. Além do comportamento dos moradores do município, outro fator importante deve ser levado em conta. Araraquara fica na região central do estado de São Paulo. A cidade é cercada de rodovias com intensa movimentação de pessoas.

O epidemiologista membro da rede de vigilância genômica-vigenômica da Unesp Carlos Magno Fortaleza explica que a nova alta de casos não é sinal de que o lockdoen feito tenha falhado. “Isso indica que esse tipo de isolamento precisa ser feito com uma abordagem espacial, maior, ou seja, com um âmbito regional ou no estadual. Só assim você consegue fazer com que vários municípios tenham uma redução importante no número de casos e quando houver um relaxamento os municípios não alimentem uns aos outros com essa situação”, comenta.

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