Dia 9 de julho é feriado estadual em São Paulo, mas você já parou para pensar no que é comemorado nesta data? Na história paulista e brasileira, o dia marca o início do movimento conhecido como “Revolução Constitucionalista” ou “Revolução de 1932”.
O que foi a Revolução Constitucionalista?
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma revolta armada do estado de São Paulo contra o governo do presidente Getúlio Vargas, que teve início com o golpe de estado de 1930 e foi responsável por, dentre outras coisas, fechar o Congresso Nacional e depor governadores dos estados e o presidente à época Washington Luís.
O movimento reivindicava novas eleições e a promulgação de uma nova constituição.
O que gerou o movimento?
Ao sobrepujar a Constituição de 1891, Vargas centralizou o poder e passou a governar o Brasil por decretos. Ele fez indicações e essas foram denominadas como “interventores” para o governo de todos os estados. Geralmente, estes eram militares — ou pessoas ligadas a eles — de alguma forma.
Alguns desses interventores não conseguiam angariar apoio da população dos estados. Além disso, a crença de que o governo federal iria realizar uma nova constituição e eleições presidenciais não foi concretizada inicialmente. Essa situação política desagradou parte considerável dos paulistas.
No dia 23 de maio de 1932, no centro da cidade de São Paulo, foi organizada uma manifestação contra a centralização do poder de Vargas, a favor das eleições e de uma constituinte. Houve repressão da polícia e quatro estudantes foram mortos. Um dos símbolos estampados em cartazes e panfletos do movimento, o “M.M.D.C”, carregava as iniciais dos estudantes que perderam a vida no ato. São eles: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O fato gerou comoção entre habitantes do estado de São Paulo.
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O conflito armado
O conflito teve início no dia 9 de julho de 1932, que atualmente é feriado em todo o estado, e foi liderado pelo interventor do estado, Pedro Toledo — nomeado pelo próprio Vargas. Com forte campanha publicitária, o movimento contou com a participação de muitos jovens.
O estado esperava contar com tropas de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, mas não obtiveram sucesso. A revolta teve ajuda da população que doou pertences de ouro para a aquisição de munição.
Foram registrados fortes conflitos armados entre os revoltosos e as forças varguistas no Vale do Paraíba, região de divisa entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Depois de perderem muitos combatentes, o movimento paulista se rendeu em 2 de outubro do mesmo ano. O confronto deixou mais de 900 pessoas mortas.
Legado do movimento
Os rebeldes paulistas perderam no combate militar contra o governo federal, no entanto, em 1934, uma das demandas da revolta foi atendida, com uma nova Assembleia Constituinte e a promulgação da nova Constituição. O Congresso foi reaberto e os partidos políticos, extinguidos no golpe de 1930, voltaram a atuar.
Getúlio Vargas foi eleito presidente por eleições indiretas. Já Armando Sales, interventor de SP nomeado em 1933, foi eleito governador do estado por meio da constituinte estadual em 1935.
Pela cidade de São Paulo existem várias homenagens ao movimento. Algumas delas são os nomes das avenidas “9 de julho”, “23 de maio”, e das ruas “MMDC” e “Pedro de Toledo”.
Outra grande homenagem é o Obelisco do Ibirapuera, monumento que abriga os restos mortais dos quatro estudantes que morreram na manifestação de 23 de maio e outros soldados mortos em combate durante a revolta.
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