Notícias

Vendedor de vacina diz que Governo Bolsonaro pediu propina de US$ 1 por dose, afirma jornal

Um representante da empresa Davati Medical Suplly diz que Roberto Dias, diretor do Ministério da Saúde, fez a proposta


29/06/2021 21h27

O representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, afirmou que recebeu um pedido de propina de US$ 1 (R$ 4,93 na cotação atual e R$ 5,43 na cotação do dia da proposta) por dose em troca de fechar o contrato com o Ministério da Saúde. A proposta teria sido feita por Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, cobrou a propina durante um jantar no Brasília Shopping em 25 de fevereiro. A denúncia foi publicada pela Folha de São Paulo nesta terça-feira (29).

Roberto Dias foi indicado ao cargo por Ricardo Barros (PP/PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara. Ele trabalho no ministério desde 8 de janeiro de 2019, período que Luiz Henrique Mandetta chefiava a pasta.

A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5). Segundo Pereira, as negociações foram “tenebrosas e muito asquerosas”.

"Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", disse Pereira.

Ele continua a história: “Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”.

“Eu falei que não tinha como, não fazia, mesmo porque a vacina vinha lá de fora e que eles não faziam, não operavam daquela forma. Ele me disse: 'Pensa direitinho, se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma".

Jornalista da Folha o questionou qual seria a “forma”. Então, Pereira responder que era “acrescentar um dólar”. Nessa reunião, estavam Roberto Dias, um militar do Exército e um empresário de Brasília.

Como aconteceu o encontro

A reunião aconteceu em 25 de fevereiro. Naquele dia, o país tinha acabado de atingir a marca de 250 mil mortos pela Covid-19. A reunião foi marcada por Roberto Dias e, ao invés de acontecer no Ministério, foi agendada em um restaurante no Brasília Shopping.

O pedido de propina foi feita nesta reunião e foi recusada por Pereira. “Aí eu falei que não fazia, que não tinha como, que a vacina teria que ser daquela forma mesmo, pelo preço que estava sendo ofertado, que era aquele e que a gente não fazia, que não tinha como. Aí ele falou que era para pensar direitinho e que ia colocar meu nome na agenda do ministério, que naquela noite que eu pensasse e que no outro dia iria me chamar".

No dia seguinte, eles voltaram a se encontrar no Ministério. Pereira contou que foi pedido a documentação da vacina, mas para isso acontecer era necessário uma proposta. No geral, as negociações não avançaram e não houve uma proposta oficial da Saúde.

“Aí me chamaram, disseram que ia entrar em contato com a Davati para tentar fazer a vacina e depois nunca mais. Aí depois nós tentamos por outras vias, tentamos conversar com o Élcio Franco, explicamos para ele a situação também, não adiantou nada. Ninguém queria vacina”, contou.

ÚLTIMAS DO FUTEBOL

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Secretaria de Saúde de SP dá dicas para evitar intoxicação infantil durante as férias

EUA receberam informações de plano iraniano para assassinar Donald Trump; Irã nega

Aeroporto de Porto Alegre será reaberto em outubro, diz ministro

Militares custam 16 vezes mais à União do que aposentados do INSS, revela TCU

Concurso TSE Unificado: calendário das provas é alterado; veja mudanças