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Por que o desemprego não cai mesmo com avanço da vacinação e sinais de recuperação?

Apesar dos sinais de recuperação de economia, a taxa de desemprego não cai.


06/07/2021 15h14

Apesar dos sinais de recuperação de economia, a taxa de desemprego não cai. Pior que isso, se manteve em 14,7% em abril, o maior patamar da série história da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Especialistas ouvidos pelo 6 Minutos dizem que a taxa não cai tão cedo, mesmo com a recuperação da economia e com o avanço, ainda um pouco lento, da vacinação contra a covid-19 pelo país. É que um dos componentes do cálculo da taxa é justamente o número de pessoas que procuram emprego, mas não encontram.

“Com o avanço da vacinação, as pessoas se sentirão mais seguras para buscar emprego. O aumento da confiança na economia também anima a procura por trabalho. Esse movimento, sozinho, deve pressionar a taxa para cima”, afirma José Ronaldo Souza Junior, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas).

O que pode ajudar na queda do desemprego? Além da manutenção dos sinais de retomada, Souza Junior diz que é importante que aconteça uma recuperação do setor de serviços.

“Serviços ainda estão muito abaixo do patamar pré-pandemia. Atividades desse setor, como recreação, lazer, cultura, eventos esportivos, turismo, bares e restaurantes, depende muito da vacinação. Para esse segmento voltar, a vacinação precisa avançar mais”, afirma Souza Junior.

Rodolpho Tobler, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), dá exemplos de empregos em serviços que ainda estão longe da recuperação. “O setor de alojamento e alimentação ainda tem 1,2 milhão de ocupados a menos do que antes da pandemia. Emprego doméstico está com 1,5 milhão a menos”, diz.

A expectativa é de geração de emprego quando a recuperação chegar ao setor de serviços. “Serviços contrata muita gente, é o setor com menor produtividade. Quando ele se recupera, gera bastante emprego. Isso pode contrabalancear o mercado e reduzir a taxa”, afirma o diretor do Ipea.

Que tipo de emprego volta antes? Para Tobler, o que volta antes são os empregos informais e autônomos, até porque foram os mais castigados pelas restrições de circulação de pessoas. “Com o avanço da vacinação, as atividades que dependem de circulação de pessoas devem se recuperar. Os informais e os por conta própria devem ser os primeiros a dar sinais positivos, até porque são atividades que não dependem de outra pessoa, mas do próprio trabalhador.”

Quando o emprego dá sinais de vida? Apesar da taxa recorde medida pela Pnad, os especialistas dizem que o emprego já deu alguns sinais de recuperação. “Já está havendo uma reação do mercado de trabalho. Para profissionais com ensino superior, o emprego já voltou para o patamar pré-crise. Mas as pessoas de menor escolaridade têm mais dificuldade para encontrar trabalho, afirma Souza Junior, do Ipea.

O Itaú-Unibanco, que produz um indicador próprio, o Idat-Emprego, calculou uma taxa menor que a da Pnad, de 13,8%. “Vemos uma recuperação mais forte do emprego formal e da taxa de participação. De acordo com o IDAT-Emprego, o emprego formal já recuperou os níveis pré-pandemia”, afirma relatório assinado por Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú.

Como fica o desemprego no fim do ano? O Ipea não fez uma projeção para a taxa de desemprego no fim do ano. Para a FGV, a taxa de desemprego ainda pode subir no segundo e terceiro trimestre e terminar o ano com ligeira queda. Já o departamento de economia do Itaú está mais otimista e prevê que a taxa termine o ano em 12,1%.

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