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Troca de mensagens entre Ministério da Saúde e vendedora de vacinas Davati apontam negociações informais

Registros divulgados por veículo de imprensa apontam conversas entre Roberto Dias, o coronel Marcelo Blanco e o representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho


06/07/2021 12h28

Mensagens, e-mails e ligações informais trocadas entre o Ministério da Saúde e a Davati Medical Supply foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo, na manhã desta terça-feira (6). As conversas teriam sido realizadas antes da concretização de uma proposta formal sobre a venda de vacinas contra Covid-19 feitas ao governo de Jair Bolsonaro.

De acordo com o veículo, as mensagens foram trocadas entre o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, o coronel da reserva e ex-assessor de Dias, Marcelo Blanco, e o representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho.

Na última terça-feira (29), a Folha divulgou uma notícia-denúncia com o depoimento do intermediário da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, em que este afirmava ter recebido, no dia 25 de fevereiro, um pedido de propina feito por Dias de U$1 por dose.

O CEO da Davati nos Estados Unidos, Herman Cardenas, enviou por e-mail, segundo o jornal, uma proposta para a entrega de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, no dia 26 de fevereiro, data em que teria ocorrido uma reunião no Ministério da Saúde sobre a negociação, conforme apontou Dominguetti.

Entretanto, as mensagens divulgadas apontam que as negociações tiveram início no dia 3 de fevereiro, com uma conversa por WhatsApp entre Dias e Cristiano. Os registros demonstraram a insistência do Ministério em concretizar as negociações com a empresa.

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No dia seguinte ao início das trocas de mensagens, foram encaminhados à Dias documentos de autorização para a venda das vacinas por parte de Cristiano. "Bom dia, Roberto. Desculpe, estava negociando para o MS Brasil. O preço ficou US$ 12,51 por dose FOB (Europa). Preciso da LOI e Gov Authorization”, escreveu.

A Folha entrou em contato com Dias questionando as mensagens e ligações efetuadas pelo ex-diretor que afirmou: “As ligações se devem ao momento em que tomei conhecimento da existência do quantitativo de vacinas e tinham o cunho de esclarecer a existência ou não das doses”.

Outros registros mostram o contato entre Cristiano e Marcelo Blanco que, segundo Dominguetti, também estava presente nas negociações do dia 25 de fevereiro.

“Cristiano, boa tarde! Aqui é Blanco, ligo aqui de Brasília, e seu contato me foi passado pelo Dominguetti. Tentei contato agora pra entrarmos juntos numa ligação com o Roberto, pois recém falei com ele. Aguardo um ok pra retomar a ligação. Abraço”, escreveu Blanco no dia de março. O coronel teria sido respondido por Cristiano com um print do e-mail com a proposta sobre as vacinas.

No dia 4 de março, após uma série de mensagens sobre atualizações e troca de documentos, Cristiano demonstra desânimo a respeito da demora do retorno de Dias sobre o caso, ao que Blanco respondeu: "Entendo, não é confortável essa demora, mas preciso aguardar um retorno. Tb gostaria muito que ocorresse uma solução mais rápida e positiva”.

Em resposta ao jornal, Blanco afirma não se recordar das mensagens, e reforçou que pareciam se referir “à comissão que a empresa dele receberia, para distribuição interna da sua empresa. Inclusive, esta informação foi dada na CPI pelo Sr. Dominguetti."

O CEO da Davati se posicionou dizendo que se pronunciaria através da assessoria de imprensa da empresa.

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