"Fatos cotidianos insistem em demostrar que escravidão é assunto da realidade brasileira", afirma Laurentino Gomes

A jornalista e apresentadora Vera Magalhães abriu o programa Roda desta segunda-feira (19) perguntando ao jornalista Laurentino Gomes sobre o que o escritor observou nestes dois últimos anos sobre a desigualdade geográfica, social, violência, econômica no Brasil durante o Governo Bolsonaro. O período coincide com o lançamento do primeiro livro da triologia “Escravidão I”, que teve publicação em 2019.

“Sem dúvidas se agravou. Cada dia eu me convenço mais de que a série de livros chegou em boa hora. Os fatos cotidianos insistem em demostrar que escravidão não é assunto de museu, não é assunto da história, assunto presente da nossa realidade brasileira. Quando eu lancei o primeiro volume, naquela semana, um garoto negro tinha furtado uma barra de chocolate e foi surrado por chicote por seguranças de um supermercado. Surrar negros era uma especialidade do Brasil escravista. Agora, quando eu lanço a segunda edição, a modelo do Rio de Janeiro, grávida de quatro meses, morta.

Laurentino explica que atinge preferencialmente a população afrodescendente, que mora em periferias. confrontos entre a polícia e o crime organizado. O jornalista afirma que há um processo de negacionismo que está na história do Brasil, que nega o racismo, desigualdade social e a escravidão.

Das 50.033 mil pessoas mortas de forma violenta no Brasil, em 2020, 91,3% eram homens, 76,2% negros e 54,3% são jovens. O número é o maior desde 2013. O percentual é 4% maior se for comparado com 2019.

Assista ao trecho completo:

Participaram da bancada de entrevistadores Eliana Alves Cruz, escritora, jornalista e roteirista; Michael França, pesquisador do INSPER e colunista da Folha de S. Paulo; Paula Carvalho, historiadora e editora da Revista Quatro Cinco Um; Pedro Doria, editor do Canal Meio e Rosane Borges, jornalista e pesquisadora da ECA-USP.

Assista ao programa íntegra: