Forças Armadas precisam se decidir se estão com Bolsonaro ou com a democracia, diz artigo no NYT
Gaspar Estrada, cientista político da Science Po, faz análise do atual governo brasileiro
22/07/2021 14h28
O diretor-executivo da Science Po, de Paris, Gaspar Estrada afirmou que o Brasil vive uma acelerada degradação institucional sob o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em artigo publicado nesta quinta-feira (22), no jornal New York Times.
"O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está estimulando uma ruptura institucional na segunda maior democracia do continente americano, de maneira semelhante a Donald Trump nos Estados Unidos", diz Estrada.
"E o problema é que no Brasil, diferentemente dos Estados Unidos, os escalões superiores das Forças Armadas têm tido um papel central nesse objetivo, muitas vezes respaldando o ataque autoritário do capitão reformado", acrescenta o especialista.
Para o cientista político, embora o governo Bolsonaro tenha cruzado muitas "linhas vermelhas" anteriormente, neste momento o país se encontra diante do "inaceitável". "Se as Forças Armadas querem manter a adesão às leis e à Constituição, devem decidir se estão com o Bolsonaro ou com a democracia", afirma.
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O presidente brasileiro fez diversos ataques às urnas eletrônicas e afirmou que as eleições de 2022 podem não acontecer caso não exista um sistema eleitoral confiável, segundo ele, o voto impresso.
Estrada diz em artigo que qualquer iniciativa que coloque em dúvida a realização das eleições marcadas para o próximo ano e a modificação do sistema eleitoral ou do regime político, como o voto impresso e o semipresidencialismo, deveriam ser repudiadas pelo Congresso, pelo Judiciário e pela sociedade civil.
O diretor termina dizendo que: "Ao apoiar cegamente um governo que realiza um dos processos mais extremos de destruição da democracia no mundo, as Forças Armadas correm o risco de ficarem indelevelmente associadas a ele. Ao contrário da década de 1960, quando Washington [EUA] apoiou um golpe militar que levou a uma ditadura de 21 anos no Brasil, o governo Bolsonaro está agora politicamente isolado no hemisfério e no mundo".
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