No último sábado (24), a estátua do Borba Gato, na Zona Sul de São Paulo, foi incendiada por manifestantes. Segundo Paulo Galo, preso nesta quarta-feira (28) por ser acusado de ter ateado fogo na estátua, o ato foi feito “para abrir um debate”, visto que Borba Gato foi um dos bandeirantes responsáveis pela morte de inúmeros indígenas brasileiros.
A manifestação entra para a lista de ataques a monumentos históricos pelo Brasil, que é composta, em grande parte, por destruições de obras que homenageiam a classe trabalhadora. O monumento Eldorado Memória, por exemplo, foi alvo de ataques que resultaram na sua destruição no mesmo ano da inauguração.
Leia também: SP: Estação Pedro II do metrô vai abrigar população de rua durante onda de frio
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a obra de 1996 foi doada ao Movimento dos Sem-Terra, em homenagem aos trabalhadores rurais mortos no conflito de terras do mesmo ano em Eldorado dos Carajás, Pará.
Logo após sua inauguração em agosto de 1996, o monumento Eldorado Memória recebeu ameaças de grupos conservadores da região e, em setembro, a obra foi destruída e nunca mais reerguida.
Leia também: Em vídeo, STF nega que proibiu Bolsonaro de agir na pandemia: "Fake news"
O monumento não foi a primeira experiência de Niemeyer com resistência às obras. Em 1989, o arquiteto projetou o Memorial IX de Novembro em homenagem aos três trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional mortos na Greve dos Operários de 1988.
Um dia após a inauguração, em Volta Redonda, Rio de Janeiro, o Memorial IX de Novembro foi destruído por um atentado a bomba. O prefeito Vanildo de Carvalho decidiu pela reconstrução da obra, e Niemeyer adicionou a inscrição: "Nada, nem a bomba que destruiu este monumento poderá deter os que lutam pela liberdade e justiça social".
Conheça a trajetória de Oscar Niemeyer neste especial do Matéria de Capa:
REDES SOCIAIS