A obra de Nelson Rodrigues foi a pauta do Linhas Cruzadas desta quinta (26), com o filósofo Luiz Felipe Pondé e a jornalista Thaís Oyama.
No programa, Pondé fala sobre a imagem de "autor pornográfico" presente no debate a respeito do escritor, já que temas de sexualidade são onipresentes em sua obra.
"Eu até entendo que na época alguém considerasse as peças dele pornográficas. [...] Mas eu acho que não. Primeiro porque, a rigor, não existem cenas pornográficas, se você pensar em filmes de sacanagem, filmes eróticos. O Nelson era um autor, como ele mesmo dizia, cuja obra era sobre amor e morte", argumenta Pondé.
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"Só que essa fala sobre amor tem que ser compreendida, entre outras formas, vinculada a outra fala do Nelson, que era de que 'o desejo pinga'. Ele é concreto, ele não é metafísico, ele não abstrato. Então, pelo Nelson e além do que normalmente se está acostumado aceitar no desnudamento da alma humana, é considerado pornográfico. Mas, ele se entendia como um autor cuja obra era sobre amor e morte", reforçou.
O programa exibiu, ainda, um trecho de uma entrevista do próprio escritor, concedida à TV Cultura em 1978, em que ele responde à mesma pergunta.
"Eu não sou um autor pornográfico, absolutamente. E, pelo contrário, me chamam de moralista, de feroz moralista. Entre pornográfico e moralista, eu creio que eu sou mais moralista. O único lugar onde o ser humano sofre realmente e paga pelos pecados é na minhas peças", afirmou Rodrigues.
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Veja o trecho:
Assista ao programa na íntegra:
Exibido às quintas, Linhas Cruzadas é parte da faixa de jornalismo da TV Cultura que traz uma atração diferente para cada dia da semana após o Jornal da Cultura. Sob o comando de Luiz Felipe Pondé e Thaís Oyama, o debate semanal vai ao ar sempre às 22h.
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