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Bolsa desaba mais de 2% com azedume causado pela Reforma do IR; dólar estaciona em R$ 5,18

O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, após a Câmara dos Deputados aprovar a reforma do Imposto de Renda, que entre outras medidas estabelece tributação de dividendos e acaba com o mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP).


02/09/2021 18h07

O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, após a Câmara dos Deputados aprovar a reforma do Imposto de Renda, que entre outras medidas estabelece tributação de dividendos e acaba com o mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP). O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 2,28%, a 116.677 pontos.

Já o dólar fechou praticamente estável, perdendo –0,03%, a R$ 5,183.

O que aconteceu com a Bolsa? O dia foi de mau humor generalizado no mercado brasileiro, com agentes financeiros reagindo à aprovação pela Câmara dos Deputados do texto principal do projeto que altera regras do Imposto de Renda, com bancos entre as maiores pressões negativas.

Após acordo, deputados aprovaram por 398 votos a 77 o texto que, entre outras mudanças, reduz o IR a empresas e pessoas físicas, estabelece taxação ao pagamento de dividendos e acaba com o benefício fiscal dos juros sob capital próprio.

“As novidades afetam principalmente os bancos, por conta da mudança em relação aos juros sobre capital próprio, mecanismo que era usado pelas grandes empresas para remunerar acionistas podendo deduzir essa despesa do imposto a pagar. Mudando essa regra, o setor de bancos vai sofrer”, explica Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

Ele explica que a questão da tributação de dividendos também não é positiva para o mercado. “As grandes empresas têm formas de diluir esse processo de tributação de dividendos. Quem paga o pato é o miolo da economia, que são as empresas que faturam acima de R$ 4,8 milhão até 74 milhões, que não terão isenção de dividendos.”

No Senado, o plenário impôs um revés ao governo do presidente Jair Bolsonaro ao rejeitar MP que promovia uma espécie de minirreforma trabalhista e criava o Novo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.

Para o BTG Pactual, o comportamento do mercado reflete a reação às votações no Congresso, associada a um grau de indefinições, com destaque para a inflação e os possíveis efeitos da crise hídrica sobre a economia.

“Estamos no momento trabalhando com excesso de volatilidade e sem uma definição de tendência”, afirma comentário da área de gestão de recursos do banco a clientes.

Entre os destaques do dia, Assaí teve a maior alta do pregão (+3,76%), após concluir a venda de dois de cinco imóveis no âmbito de acordo envolvendo fundo imobiliário administrado pela BRL Trust e gerido pela TRX, por R$ 134,6 milhões.

Eletrobras ON caiu 4,78%, mais do que devolvendo os ganhos da quarta-feira, quando agentes financeiros responderam a novo avanço na direção da privatização da elétrica. O índice do setor elétrico na B3 mostrava declínio de 1,8%.

E o potencial efeito negativo do fim de mecanismo de JCP nos resultados dos bancos brasileiros com as mudanças tributárias aprovadas na Câmara vitimou todos os papéis desse setor: Santander (-4,99%), BB (-4,27%), Bradesco ON (-3,91%) e PN (-3,77%) e Itaú Unibanco (-3,73%).

O que aconteceu com o dólar? O dólar à vista fechou praticamente estável ante o real nesta quinta-feira: teve variação negativa de apenas 0,03%, a R$ 5,183. Operadores evitaram grandes mudanças de posições à espera da divulgação na sexta de aguardados dados de emprego nos EUA.

As atenções estão voltadas para esse documento desde o começo da semana, uma vez que os números podem mexer consideravelmente com expectativas do mercado sobre o momento em que o banco central dos EUA pode começar a cortar estímulos monetários. O “payroll” será divulgado na sexta-feira.

Esses estímulos, via compras mensais de US$ 120 bilhões em títulos pelo Fed, na prática são sobra de liquidez que tem favorecido mercados de risco (como os emergentes) desde o ano passado, quando começou a pandemia de Covid-19. Uma redução das compras representaria menor liquidez disponível, efetivamente deprimindo novas ofertas de dólar e, assim, potencialmente elevando o preço da moeda.

Mas a expectativa é que o Fed ainda demore para anunciar o chamado “tapering”, o que tem garantido nos últimos dias o clima favorável a ativos de risco, como o real e seus pares emergentes, em detrimento do dólar.

Maiores altas:

Assaí (+2,99%)

Engie (+1,03%)

Petrorio (+0,75%)

Maiores baixas:

Cielo (-6,47%)

Via (-6,13%)

Lojas Americanas PN (-5,86%)

Com a Reuters

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