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Com riscos locais anulando otimismo de fora, Bolsa tem leve alta; dólar fica estável, a R$ 5,18

O Ibovespa fechou com uma leve alta nesta sexta-feira e acumulou um desempenho semanal negativo, diante de um ambiente ainda conturbado no Brasil, sem trégua na tensão político-institucional e nas incertezas fiscais, em meio a uma crise hídrica e preocupações com a inflação e a atividade econômica.


03/09/2021 19h30

O Ibovespa fechou com uma leve alta nesta sexta-feira e acumulou um desempenho semanal negativo, diante de um ambiente ainda conturbado no Brasil, sem trégua na tensão político-institucional e nas incertezas fiscais, em meio a uma crise hídrica e preocupações com a inflação e a atividade econômica.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro subiu 0,22%, a 116.933 pontos. No pior momento da sessão, chegou a 115.582,88 pontos.

Já o dólar teve um segundo dia de estabilidade, desta vez ganhando 0,03%, a R$ 5,184.

O que aconteceu com a Bolsa? Depois de recuar mais de 2% na quinta-feira, o Ibovespa estancou a sangria e ficou praticamente estável, em meio a contínuas incertezas domésticas e com investidores repercutindo também dados do mercado de trabalho norte-americano.

Na quinta-feira, o Ibovespa caiu 2,28% após a Câmara dos Deputados aprovar a reforma do Imposto de Renda, que entre outras medidas estabelece tributação de dividendos e acaba com o mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP).

Mais cedo, porém, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou a criação de 235 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em agosto, desacelerando ante o mês anterior e bem abaixo das expectativas de economistas.

Na visão do estrategista-chefe do banco digital Modalmais, Felipe Sichel, o dado, combinado com os números sobre auxílio-desemprego conhecidos na véspera, implica uma redução na probabilidade do ‘tapering‘ no curto prazo.

“Até a reunião de novembro, o Fed verá somente mais um dado de ‘payroll‘ (referente a setembro) divulgado no começo de outubro, o que pode atrasar também o anúncio formal da redução de estímulo”, afirmou, em comentário a clientes.

A tentativa de melhora do Ibovespa foi atenuada pela somatória de adversidades ainda presente na cena local, desde tensão político-institucional, riscos fiscais, crise hídrica, inflação elevada, entre outras, que seguem endossando cautela.

Investidores também continuam monitorando o andamento da segunda fase da reforma tributária, que será apreciada pelo Senado, onde muitos agentes financeiros avaliam que o texto encontrará resistência, adicionando ainda mais incertezas.

Ainda no radar e corroborando um tom mais conservador, estão as manifestações agendadas para o dia 7 de setembro.

O último pregão nesta semana também é o último com a atual composição do Ibovespa, que passa a incluir sete novas ações a partir de segunda-feira.

O que aconteceu com o dólar? O dólar ficou praticamente estável pelo segundo pregão consecutivo nesta sexta-feira e completou o quinto dia de oscilações bastante moderadas para os padrões domésticos, numa clássica postura defensiva dos agentes financeiros antes das manifestações no Brasil prometidas para o feriado de 7 de Setembro, na terça.

Na segunda-feira, o mercado de câmbio funcionará, mas com baixos volumes por estar espremido entre o fim de semana e o feriado. Com isso, vários operadores decidiram proteger posições já nesta semana.

Nesta sexta, o dólar à vista teve variação positiva de 0,03%, a R$ 5,184 na venda. Na semana, o dólar caiu 0,24%. Em agosto, a moeda acumula alta de 0,22%. Em 2021, cede 0,15%.

O dólar chegou a ser negociado na casa dos R$ 5,13 na manhã desta sexta-feira, antes de devolver boa parte dessas perdas à medida que os investidores digeriam os detalhes de um importante relatório de emprego dos Estados Unidos.

O Departamento do Trabalho norte-americano informou que foram criadas 235 mil vagas de trabalho na economia norte-americana em agosto, resultado muito abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de abertura de 728 mil.

Instantes após a divulgação dos números, a moeda norte-americana foi à mínima do dia de R$ 5,1320 na venda contra a divisa brasileira, queda de 0,98%, acompanhando movimento global de desvalorização do dólar em meio a apostas de que o Federal Reserve manteria, por ora, seu forte estímulo à economia.

Mas a desvalorização intensa durou pouco, e às 11:35, o dólar já estava de volta aos R$ 5,18.

“A criação de vagas no ‘payroll‘ veio bem abaixo do esperado, mas, quando você analisa com atenção, vê que o reajuste salarial norte-americano veio bem acima das expectativas”, explicou à Reuters Thomas Giuberti, sócio da Golden Investimentos.

A renda média por hora dos trabalhadores do setor privado dos EUA subiu 0,6% em agosto. A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,3%.

“Isso significa que pode começar a ser questionado o quanto será transitória a inflação nos Estados Unidos”, disse Giuberti, levantando também a possibilidade de que a desaceleração na abertura de vagas nos EUA leve o governo democrata no poder a intensificar seus gastos fiscais, o que poderia impulsionar a alta dos preços.

Sinais de inflação mais alta na maior economia do mundo tendem a elevar as apostas de que o Federal Reserve começará em breve a reduzir suas grandes compras mensais de títulos, o que, por sua vez, é visto como prejudicial para ativos arriscados.

Maiores altas:

Magazine Luiza (+4,94%)

Lojas Americanas PN (+4,15%)

Assaí (+3,53%)

Maiores baixas:

Embraer (-4,48%)

Banco Inter Unit (-3,89%)

Petrorio (-3,30%)

Com a Reuters

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