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Um levantamento realizado pelo Repórteres sem Fronteiras (RSF) e o Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio) registrou meio milhão de publicações em redes sociais atacando a imprensa. Grupos de comunicação considerados críticos ao governo federal e jornalistas mulheres são os principais alvos.

Foram analisadas menções de cinco hashtags no Twitter: #imprensalixo, #extreamaimprensa, #globolixo, #cnnlixo e #estadaofake. Entre 14 de março e 13 de junho deste ano, foram registradas 498.693 postagens mencionando pelo menos uma delas. Os tweets e retuítes foram feitos por 94.195 usuários, em sua maioria defensores do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A ferramenta PegaBot, desenvolvida pelo ITS-Rio, utilizada no levantamento, constatou que 3,9% desses usuários apresentavam comportamento automatizado e foram responsáveis por 20% das publicações.

De acordo com o relatório, todos os dias foram registrados mais de mil ataques à imprensa, com concentração maior em 13 dias específicos, representando 51% dos tweets.

“O dia com o maior número de postagens foi 10 de maio, com 36.791 registros, na esteira da publicação de uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo sobre um esquema de orçamento paralelo, utilizado para liberar verbas para emendas parlamentares”, explica o documento.

Os maiores picos de engajamento com as hashtags mencionadas foram durante datas em que foram reveladas algum tipo de informação negativa relacionada ao governo. Além disso, os ataques também atingiram o auge das publicações em situações relacionadas a jornalistas específicos como Maju Coutinho, Daniela Lima, Pedro Duran, Mariliz Pereira Jorge, e Rodrigo Menegat.

O estudo concluiu que os ataques individuais serviram de mola propulsora para ofensas à imprensa como um todo.

“Se considerados apenas esses cinco jornalistas e o intervalo de dias de pico em que os respectivos ataques ocorreram, ao todo foram mais de 84 mil tweets com ataques direcionados a eles (sem contar os retuítes).Cada um dos episódios mencionados está associado a momentos de picos no levantamento geral em torno da utilização das hashtags monitoradas”.

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A análise mostra que em 10% dos tweets, foram utilizados termos insultuosos como safada(o), vagabunda(o), puta(o), burra(o), ridícula(a), idiota, arrombada(o) e imbecil. Quando direcionados a jornalistas mulheres, as ocorrências foram 50% maiores.

Em entrevista às RSF, a jornalista da CNN e ex-apresentadora do Roda Viva Daniela Lima, afirmou: "Não é um questionamento à qualidade do meu trabalho, não é uma crítica feita com intenção de aprimorar. É simplesmente um movimento para intimidar, ameaçar, coagir. Você pode questionar a forma, você pode questionar uma série de outras coisas, mas não tem a ver com o que a gente fala, tem a ver com o que a gente faz na essência”.

Em maio, Daniela foi atacada após fazer comentários sobre a operação policial na favela do Jacarezinho e o desemprego no Brasil. No mesmo mês, o repórter da emissora Pedro Duran foi alvo após ter sido expulso de manifestações a favor do presidente. Rodrigo Menegat, do DW, recebeu ofensas após ter sido acusado, sem fundamento, de ter hackeado um aplicativo do governo federal que fornecia orientação à pessoas infectadas pela Covid-19.

Em março, a apresentadora da Globo Maju Coutinho também recebeu ofensas no mesmo período por fazer comentários a respeito das medidas de isolamento social na pandemia. A colunista da Folha de S.Paulo Mariliz Pereira Jorge foi atacada após publicar um artigo criticando o presidente. “Uma coisa que eu percebi é que esses ataques estão cada vez mais organizados, antes parecia uma coisa orgânica, mas agora eu percebo um movimento articulado, e toma uma proporção muito grande”, disse a colunista ao RSF.

De acordo com o relatório, é possível identificar pelo PegaBot o posicionamento ideológico dos usuários. Entre os internautas que interagiram com uma das cinco hashtags citadas, outras 150 foram utilizadas expondo apoio a pautas defendidas pelo governo federal com o voto impresso e ofensas ao STF e à CPI da Covid. Além disso, os 10 perfis com maior número de publicações também compartilham conteúdos apoiando a gestão ."Um único perfil chegou a fazer 5.225 tweets com menções às hashtags monitoradas ao longo dos três meses”.

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