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O relatório Sauvé, liderado pelo vice-presidente do Conselho de Estado da França, Jean-Marc Sauvé, revelou, nesta terça-feira (5), em Paris, que cerca de 216 mil crianças foram abusadas dentro da Igreja Católica nas últimas sete décadas.

As vítimas, em sua maioria meninos - 80% - foram violentadas por cerca de 3 mil abusadores, sendo que dois terços deles eram padres. A maior parte dos autores já faleceram, mas há ainda 22 possíveis crimes a serem investigados. Os casos foram enviados ao Ministério Público. Outros 40 casos foram encaminhados aos oficiais da igreja, já que são antigos demais para serem processados, mas que citam pessoas ainda vivas.

“As consequências são muito graves. Cerca de 60% dos homens e mulheres abusados sexualmente encontram grandes problemas em sua vida sentimental ou sexual”, afirmou Sauvé em entrevista coletiva nesta manhã. “Às vezes, os oficiais da Igreja não denunciavam e até mesmo expunham as crianças a riscos ao colocá-las em contato com os abusadores. Nós consideramos que a Igreja tem uma dívida para com as vítimas”, destacou.

O documento de 2.500 páginas, fruto de uma investigação de 2 anos, realizada pela Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja (Ciase), foi entregue ao chefe da Conferência dos Bispos da França (CEF, na sigla em francês), Eric de Moulins-Beaufort. Segundo ele, todos estão “horrorizados” com as informações do relatório, e afirmou que a igreja tomará medidas. “Desejo pedir perdão, perdão a cada um de vocês”, disse.

Um comunicado divulgado pelo Vaticano nesta manhã, expressa o que seria o pensamento do Papa Francisco sobre o documento do qual já havia obtido informações por meio de um encontro com bispos da igreja.

“O seu pensamento dirige-se antes de mais para as vítimas, com imensa pena pelas suas bênçãos e gratidão pela coragem de denunciar”, afirma o comunicado.

Leia o comunicado:

“O Santo Padre foi informado da divulgação do relatório dos bispos franceses, com quem se encontrou nos últimos dias durante as suas visitas ad limina [encontro dos bispos com o Papa], e com dor soube do seu conteúdo. O seu pensamento dirige-se em primeiro lugar às vítimas, com grande dor, pelas suas feridas, e gratidão, pela coragem de denunciar, e à Igreja da França, porque, na consciência desta terrível realidade, une-se ao sofrimento dos Senhor, para seus filhos mais vulneráveis, pode embarcar no caminho da redenção. Com a sua oração, o Papa confia ao Senhor o Povo de Deus na França, em particular as vítimas, para que lhes dê conforto e consolo e com justiça venha o milagre da cura”.

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