Para pedagoga, trabalho infantil só acaba com mudança de mentalidade: “Acreditam que é o melhor pra criança”
De acordo com Viviana Santiago, trabalho infantil e violência contra meninas são naturalizados pela sociedade
27/10/2021 22h45
Segundo pesquisa do Geledés Instituto da Mulher Negra, Meninas negras foram as que tiveram menor acesso a material didático, computadores e celulares e as que menos conseguiram concluir tarefas escolares durante a pandemia.Viviana Santiago, pedagoga e coordenadora de Diversidade e Inclusão do Instituto Moreira Salles (IMS) debateu a situação das crianças a partir do recorte de gênero e raça no Opinião.
De acordo com o mesmo levantamento, tal parcela da sociedade assumiu mais responsabilidades domésticas nesse período, uma vez que seus familiares estavam em trabalho presencial. Santiago apontou como o racismo afesta a população negra desde a juventude e analisou os prejuízos do trabalho infantil.
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“Essas famílias estavam em um trabalho precário e presencial e foram impactadas com o trabalho infantil doméstico. Uma das piores formas de trabalho infantil ocorre com meninas, e a maioria é negra. Isso impacta não apenas a sua educação, mas também o seu próprio desenvolvimento físico”, observou.
A pedagoga ainda mencionou os riscos aos quais as crianças ficam expostas durante as atividades laborais, como acidentes e violências físicas e sexuais. Para ela, a naturalização do trabalho infantil pela sociedade atua como um empecilho aos avanços na garantia dos direitos das crianças.
“Vai sendo reproduzido por toda a sociedade de que isso é o melhor que podia acontecer com ela. [...] As políticas públicas são essenciais, mas a mentalidade na sociedade de que todo mundo tem que proteger essas crianças também. Esse é o nosso desafio, virar essa chave”, concluiu.
Também participou do Opinião Gabriela Mora, oficial do programa de Cidadania do Programa dos Adolescentes da Unicef no Brasil.
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Assista ao programa na íntegra:
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